Edição 105
O Bradesco está entrando firme na corrida pela custódia dos recursos dos fundos de pensão, cujos prazos para estarem com tudo concluído vai até o dia 31 de dezembro próximo. Embora esteja sendo efetivamente um dos últimos a entrar nessa disputa – atrás dele está apenas o Banco do Brasil, que ainda não deu início a uma implementação efetiva da área –, há mais de um ano que o Bradesco já havia anunciado sua intenção de participar desse mercado (ver Investidor Institucional nº 80). “O fato é que a demanda real para esse tipo de serviço só começou a ocorrer agora, com a exigência da custódia centralizada para as fundações”, justifica o vice-presidente diretor responsável pela área de mercado de capitais, Sérgio de Oliveira.
A área de custódia de recursos de terceiros do Bradesco está empregando 182 funcionários, dos quais 15 na área de vendas e suporte aos clientes. Instalada num prédio isolado dos demais, localizado na própria Cidade de Deus (nome da sede da instituição, em Osasco), a área de custódia divide espaço no prédio apenas com a auditoria do banco. “Seremos totalmente segregados, até fisicamente”, explica Oliveira.
De acordo com ele, a custódia do Bradesco espera crescer 30% até o final do ano, passando dos atuais R$ 48,3 bilhões para cerca de R$ 65 bilhões. O salto, mais que quantitativo pretende ser qualitativo, pois o banco está focando esse crescimento basicamente em cima de clientes externos à instituição, como os fundos de pensão, as empresas de previdência aberta e outras assets. Hoje, dos R$ 48,3 bilhões que o Bradesco custodia, R$ 45,6 bilhões são de recursos administrados pela própria instituição, o que representa 94,5% do total.
Juntamente com a custódia, o Bradesco está oferecendo ao mercado também os serviços de controladoria, centralização de informações, compliance e gestão de risco. “É um pacote completo”, relata Oliveira. Segundo ele, os clientes de custódia do banco terão acesso, via internet, a serviços como boletagem, consultorias e relatórios, entre outros.
Em relação às taxas, como era de se esperar, essas já começaram a cair. Os primeiros negócios na área de custódia chegaram a ser feitos a 0,8% ao ano, mas agora estão em até 0,2% para algumas fundações de maior porte. Para Oliveira, essa é uma tendência natural, baseada na competitividade do setor. “O negócio de custódia é um negócio de escala, e a concorrência é acirrada”, diz. “Isso levou a uma queda natural das taxas”.
Outro segmento que tem enfrentado queda das taxas é o das assets, pois a centralização da custódia em bancos tirou delas essa atividade. Como os fundos de pensão estão sendo obrigados a contratar custodiantes, estão renegociando as suas taxas com as assets, que na maioria das vezes incluíam a custódia.
Segundo Oliveira, essa redução das taxas das assets por causa da mudança da atividade para outra área do banco não representa uma canibalização, mas uma especialização de atividades que, mais cedo ou mais tarde, teria que ocorrer no Brasil. “Está ocorrendo aqui o que já acontece internacionalmente. Cada área faz o seu trabalho”, diz. “Isso é bom, a divisão das atividades dá mais segurança ao cliente”.