Mais crédito privado para o próximo ano | Institutos preparam al...

Rodrigo Scussiato da CostaEdição 253

 

Os sustos com as perdas na compra de títulos de crédito privado em instituições como Cruzeiro do Sul e BVA, nos últimos anos, parece não ter convencido os regimes próprios de que a opção pode trazer instabilidade aos investimentos das entidades. Segundo especialistas e dirigentes de RPPS contatados pela Investidor Institucional, as oportunidades do segmento serão uma das principais alternativas do mercado em 2014.
“Em 2013, todos puderam experimentar o lado ruim do risco de mercado, dessa forma muitos decidirão por uma carteira com mais crédito e menos IMAs no ano que vem. As carteiras deverão ser baseadas nos riscos que cada RPPS está confortável em trabalhar”, afirma o diretor responsável pela SMI Consultoria, Rodrigo Scussiato da Costa.
De acordo com o consultor, a previsão do cenário econômico para o pŕoximo ano é mais um incentivo para que os institutos procurem alternativas que sirvam como proteção para o portfólio. “São ativos que não alcançarão as metas atuariais, mas servirão como segurança para que os gestores busquem produtos com mais risco”, diz. Costa destaca a preferência na busca pelos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), fundos de renda fixa em crédito privado e multimercados, além de ativos como debêntures e letras financeiras de bancos médios.
Segundo o presidente da BB DVTM, Carlos Massaru Takahashi, a escolha pelo crédito faz sentido principalmente para quem trabalha com prazos médios, no entanto, faz um alerta às entidades sobre operações mal sucedidas.
“As assets envolvidas neste tipo de gestão devem ter envergadura, processos claros e experiência na área. É preciso avaliar bem o histórico de mercado das empresas”, diz.
O assessor da presidência do instituto de previdência de Canoas, Canoasprev, Paulo Roberto dos Santos, explica que este ano está sendo um período turbulento para os regimes municipais e estaduais, cujas equipes e comitês de investimentos locais nunca haviam enfrentado uma situação de rendimentos tão baixos dos produtos financeiros. “Nos futuros 12 meses, vamos priorizar as apostas em crédito privado, multimercados e FIDCs, injetando a totalidade de novos recursos mensais nestas opções”, conta. Por mês, cerca de R$ 1 milhão são arrecadados pela instituição e, por enquanto, as novas arrecadações estão sendo depositadas em fundos DI [referenciados pelos Certificados de Depósito Interbancário], a fim de facilitar a migração futura e fugir da volatilidade.
Do atual patrimônio dos servidores da prefeitura de Canoas (RS), de R$ 170 milhões, R$ 3 milhões estão na renda variável. E, enquanto os títulos privados garantem mais estabilidade, Santos pretende dobrar os recursos na modalidade a fim de alcançar os R$ 8 milhões. “Além disso, estamos alinhavando uma nova política para os investimentos com menos papéis de IMA-B e demandando mais FIDCs, que são bastante escassos no mercado atualmente. Já sabemos que não podemos nos concentrar em só um produto”, completa.
No Iprecon, instituto dos servidores de Concórdia (SC), a diretora-presidente, Lucilene Dal Pra Lazzarotti, conta que sua equipe também já se organiza para mudar o foco do portfólio na busca por mais rentabilidade. Na mira de cortes de Lucilene também aparecem os títulos do Tesouro que hoje somam 40% dos ativos em carteira e que devem cair para 20%, dando lugar para mais fundos de crédito privado que representam atualmente 5% dos recursos. “Com R$ 66 milhões de patrimônio, temos 7% deste total em renda variável, mais além deste tipo de produto iremos diversificar mais e investir também em estruturados”, finaliza.