Edição 207
O Instituto de Gestão Previdenciária do Tocantins (Igeprev) é, de longe, um dos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) que mais investe em renda variável. Atualmente, 16,6% do seu patrimônio de R$ 1,22 bilhão está alocado em fundo de ações, o equivalente a R$ 203 milhões.Já o setor investe, em média, 1,08% dos recursos em renda variável, segundo dados do Ministério da Previdência Social referentes ao final de 2008. Com o tombo do Ibovespa no ano passado, o Igeprev viu seus ativos se desvalorizarem e sua carteira de renda variável fechar 2008 com R$ 106,3 milhões, depois de ter alcançando o volume de R$ 190 milhões em dezembro do ano anterior. Os recursos, porém, não foram sacados e o instituto já conseguiu recuperar a desvalorização da carteira, tanto que voltou para a Bolsa. Entre maio e junho, o Igeprev aportou R$ 51 milhões em fundos de ações.O instituto estuda, inclusive, aumentar a exposição em renda variável até o final do ano. “Vamos observar como a Bolsa vai se comportar nos próximos dois meses e, se continuar nesse ritmo, de rentabilidade positiva, vamos aumentar mais dois ou três pontos percentuais”, afirma Joel Rodrigues Milhomem, presidente do Igeprev, dos recursos do instituto, e de fundos DI só com títulos públicos, têm 35,08% do patrimônio. “Temos que fugir desses fundos baseados no CDI, pois estão com retornos baixíssimos”, comenta. Segundo ele, os recursos migrarão provavelmente dos fundos de investimento referenciados DI, que detêm 12,62% Desses fundos também sairá dinheiro para a carteira própria de títulos públicos, que hoje corresponde a 10,16% do patrimônio. “A nossa política de investimentos prevê que a carteira de títulos públicos chegue a 30% do PL”, explica. A carteira conta com NTN-Fs, títulos prefixados cujo retorno varia de 12,2% a 12,92%, com vencimento em 2017; e NTN-Bs, indexados ao IPCA com rendimentos de 6,5% ao ano e vencimento entre 2017 e 2024. “A estratégia de inflação faz todo o sentido, pois tem uma relação direta com o passivo e uma boa relação entre risco e retorno”, avalia Mário Amigo, consultor de investimentos da Mercer.O consultor lembra que a questão do quanto alongar a estratégia deve estar ligada à volatilidade que a carteira suporta. O instituto tem uma situação confortável com relação ao seu passivo, e por isso consegue trabalhar numa perspectiva de longo prazo. “O último cálculo atuarial mostra que até 2052 a receita é suficiente para cobrir as despesas”, conta Milhomem, explicando que a receita mensal do plano é de, em média, R$ 18 milhões, enquanto a folha de pagamento é de R$ 6,8 milhões.O Igeprev investe, ainda, 14,08% em Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (Fdics) e 11,46% em fundos de renda fixa que permitem a alocação em crédito privado de baixo risco. Como o instituto utiliza boa parte dos veículos de investimento previstos na atual legislação que rege os investimentos do setor, e em percentuais próximos do limite permitido, a expectativa pela nova resolução que está sendo discutida no Conselho Nacional dos Dirigentes de Regimes Próprios de Previdência Social (Conaprev) é grande. “Tão logo sair a nova norma vamos fazer a revisão da nossa política de investimentos para buscar oportunidades de maximizar os rendimentos”, planeja Milhomem.“É uma carteira diversificada em termos de estratégia, acima da média do que se vê para esse mercado”, comenta Amigo, da Mercer, se referindo aos investimentos em títulos pre-fixados e atrelados a inflação e à alocação em fundos de ações. Segundo ele, o setor vai ter mesmo que procurar posições de maior risco, e o Igeprev mostra um nível de maturidade no gerenciamento de uma carteira de longo prazo.
História na Bolsa – O excepcional desempenho da Bolsa em 2007 impulsionou, e muito, os ganhos do Igeprev naquele ano, quando alcançou um retorno 70% acima de sua meta atuarial (IPCA + 6%), obtendo rentabilidade de 19,4% contra uma meta de 11,47%. Naquele ano o instituto aportou, no total, R$ 146 milhões em fundos de ações, cota que se valorizou e fechou 2007 com R$ 190 milhões, o equivalente a 19% dos R$ 979,341 milhões em recursos que o instituto detinha naquele ano.O aprofundamento da crise em 2008, porém, fez os recursos do Igeprev na Bolsa minguarem e o instituto bateu apenas 15% da meta atuarial, que no ano passado foi de 12,78%, dos quais o instituto alcançou 1,81%.A queda do patrimônio, porém, não gerou pânico e a diretoria decidiu junto com o Conselho Deliberativo que os investimentos seriam mantidos.