Edição 358
O plano de previdência complementar Rocheprev, um plano de Contribuição Definida dos funcionários do grupo Roche no Brasil, passará a ser administrado pela Vivest, em operação que prevê concluir a transferência efetiva da gestão em maio de 2024, depois de encerradas as negociações em torno do termo de transferência, do termo operacional e da devida aprovação da documentação pela Previc, explica Walter Mendes, presidente da fundação. A documentação deverá ser entregue à autarquia em novembro próximo.
O novo plano tem 1.700 participantes, patrimônio de R$ 340 milhões e traz a vantagem adicional de estar em fase de arrecadação, ou seja, arrecada mais do que paga em benefícios, lembra Mendes. Em 2022, o plano recebeu R$ 17,4 milhões em contribuições e pagou R$ 5,56 milhões em benefícios. Ele inclui trabalhadores das três empresas do grupo que atuam no País: Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos; Roche Diagnóstica Brasil e Roche Diabetes Care Brasil.
O crescimento por meio da chegada de novos patrocinadores, sobretudo multinacionais, segue uma estratégia desenhada pela fundação cujo target é bem definido: entidades de patrocínio privado com patrimônio entre R$ 300 milhões e R$ 4 bilhões, com planos no modelo de CD ou CV, que estejam em fase de arrecadação e portanto possam trazer oxigenação à estrutura de uma fundação já madura como a Vivest. Desse modo é possível contrabalançar a redução do seu patrimônio ao longo do tempo, explica Mendes.
“Esse é o aquário em que pescamos, olhamos para as fundações privadas desse porte, que sofreram com o aumento dos custos regulatórios e com o custo dos investimentos, um perfil que coincide com os de algumas entidades de controle estrangeiro”, observa. Outro ponto essencial para absorver novos patrocinadores é que os seus planos não adicionem risco para o público da Vivest, daí a exigência de só receber CDs ou CVs. Não entram no universo de potenciais clientes as entidades ligadas a governos ou a estatais. “Não vamos adicionar riscos relevantes, sejam de planos ou de ações judiciais”, diz.
Com a entrada da Roche como sua 13ª patrocinadora, oito das quais são controladas por grupos multinacionais, a fundação atinge o número de 25 planos, 55 mil participantes e R$ 36 bilhões em recursos administrados. Embora não fosse um target específico, diz Mendes, trazer mais empresas multinacionais foi o resultado de uma realidade que coincidiu com o projeto de crescimento da fundação. “Os fundos de pensão no Brasil têm historicamente poucas empresas de controle privado nacional porque nasceram mais focados nas empresas estatais e em grupos estrangeiros. No nosso caso, as patrocinadoras tradicionais, do setor elétrico, passaram por uma fase de privatizações na década de 1990, sendo em seguida vendidas em muitos casos para grupos internacionais que são do setor”, explica. Hoje, nove das 13 patrocinadoras pertencem a esse setor.
“Há muitas outras fundações com potencial para trazerem seus planos para cá. até porque somos o maior fundo de pensão do Brasil depois das três grandes fundações estatais – Petros, Previ e Funcef – e estamos nesse processo de crescimento desde 2019. Nós nos preparamos para ser uma entidade consolidadora nesse mercado”, diz.
“Não queremos que o participante desses planos tenha uma sensação de mudança nos serviços prestados, então assimilamos todos os tipos de sistemas e de culturas que as novas patrocinadoras tenham, inclusive a forma de gestão dos seus investimentos”, afirma.
No caso das entidades que terceirizam 100% sua gestão de investimentos, como a Ford e a Roche, a estratégia da Vivest é manter e administrar esse modelo enquanto trabalha para trazer todos para a gestão própria, interna, ao longo do tempo e com a aprovação do comitê gestor de cada plano.
Um exemplo de assimilação foi o trabalho desenvolvido para o plano da Ford, que já oferecia perfis de investimento, modelo que a Vivest até hoje não tem. “Decidimos aperfeiçoar esse processo e acrescentamos aos nossos serviços uma assessoria especial para esclarecer e orientar os participantes sobre a escolha de perfis de acordo com a sua idade, por exemplo”, afirma. A experiência deu certo e a fundação pensa em estender o modelo de perfis a todos os seus planos CDs, diz Mendes, se a decisão for aprovada pelos respectivos comitês gestores.