Edição 68
A Spinnaker, uma empresa de administração de recursos formada a partir do núcleo de profissionais que trabalhava nas unidades de mercados emergentes do Indosuez, fechadas no ano passado em consequência da crise do ano anterior, está lançando seu primeiro fundo Brasil. Lançando, na verdade, não é a palavra correta. Mais apropriado é dizer que a empresa está relançando o Indosuez Brazil Fixed Income Fund, com o nome de Spinnaker Brazil Fund, voltado aos investidores institucionais estrangeiros.
O SBF, que mantinha US$ 4 milhões da gestão antiga, recebeu mais US$ 8 milhões no início de novembro da Spinnaker Capital Group, controladora da Spinnaker Asset Management, do Brasil. Com isso, o SBF passa a somar US$ 12 milhões, com o que deve iniciar uma rodada de apresentações a grandes investidores, inicialmente nos Estados Unidos e depois na Europa, em busca de novos aportes. Segundo o diretor de investimentos da Spinnaker Asset Management, Marcos Lederman, o aporte mínimo desse fundo é de US$ 250 mil.
Embora tenha sua origem no fundo do Indosuez, o SBF tem uma política de alocação completamente diferente daquele. Basicamente, é um fundo de retorno total, ou seja, não tem compromisso com nenhum benchmark. Deve apenas seguir alguns limites, como o de aplicar no máximo 20% dos recursos no mercado de ações, alavancar só até 50% do seu patrimônio e não correr risco de crédito na renda fixa, aplicando apenas em títulos públicos federais. No mais, o fundo é livre para fazer alocações da forma que escolher, com o objetivo de obter retorno total.
“Somos um fundo especializado em Brasil”, explica o diretor do SBF, Alberto Garcia Roche. Ele, ao contrário da maioria que veio do Indosuez, aportou à Spinnaker vindo do grupo Safra, onde até março passado cuidava dos investimentos proprietários da família controladora daquela casa no Brasil (ver carreiras, na página 34).
Uma característica do SBF é que ele será o único fundo da Spinaker no Brasil, sendo usado para operar todas as suas políticas de investimento. Isso, aliado ao fato de ter US$ 8 milhões em recursos do próprio grupo (que não conta com uma posição de tesouraria), dão ao fundo uma característica impar. “Somos a única empresa brasileira de gestão de recursos que optou por ter um único fundo, e além disso aplica o seu dinheiro nele”, afirma Roche.
Além dos fundos de pensão estrangeiros, também estão no foco da Spinaker os fundos mútuos que aplicam em outros fundos. É a forma que essas casas de investimento têm para medir a eficiência da sua gestão, comparando-a com a de um especialista em algum tipo de mercado. Para tornar-se mais atraente a esse tipo de investidor, a Spinaker está tornando sua política de alocação de ativos completamente visível ao cotista, através da internet. “Nossa política do fundo é totalmente transparente”, diz Roche. “Respeitamos limites de ações e de alavancagem assumidos e nos títulos de renda fixa corremos apenas risco soberano”.
Segundo ele, o investidor do SBF quer um gestor com especialização local e visão global. “Hoje, o mundo vive um processo de globalização, alta mobilidade de capital e inovações tecnológicas tanto na indústria quanto nos sistemas de administração”, afirma Roche. “E o nosso cliente quer um administrador que entenda tudo isso, não um administrador que viva em uma bolha e entenda apenas do país onde opera. O defaut da Rússia, e o quase defaut do LTCM (Long Term Capital Management), acabou com aquele modelo de especialista em um só mercado”, diz.
Além da unidade do Brasil, o grupo Spinaker conta com escritórios montados também em Nova Yorque e em Londres. Trabalham no grupo cerca de 30 pessoas, das quais mais ou menos a metade veio do Indosuez (antes tinham trabalhado juntas no Citibank). O grupo possui US$ 50 milhões em recursos próprios, dos quais US$ 10 milhões estão no Brasil, sendo US$ 8 milhões no SBF. Nos Estados unidos, o grupo está lançando um fundo de private equity, cuja captação começa em janeiro do ano que vem. O objetivo desse fundo norte-americano é captar US$ 50 milhões, conta Lederman.