Sistema financeiro dos EUA adota linguagem XML para internet | No...

Edição 80

Uma nova linguagem de programação de dados para Internet, conhecida como XML, está fazendo sucesso entre os participantes da indústria financeira nos Estados Unidos. Essa linguagem é “mais inteligente” que a tradicional HTML porque permite fazer uma pesquisa mais restrita de dados, agilizando o trabalho de analistas, contadores, administradores de portfólio e mesmo clientes. Por exemplo, um gestor de recursos que procura por uma informação, como o total de ativos que seu competidor tem sob gestão, com a XML consegue chegar diretamente ao dado, ao contrário da HTML, na qual ele recebe uma lista muitas vezes interminável de sites relacionados ao tema “ativos sob gestão”, e depois tem de fazer uma pesquisa quase manual.
De acordo com reportagem do jornal Pensions&Investments, entre as empresas que usam ou pretendem implantar a nova tecnologia estão o Morgan Stanley Dean Witter, o Credit Suisse Asset Management, o Grantham, Mayo, Van Otterloo & Co. e a Frank Russell.
A XML também pode ser customizada, permitindo aos usuários formatá-la de acordo com as suas próprias necessidades de pesquisa de dados. “Na verdade, a XML está explodindo no cenário da indústria de serviços financeiros”, comentou Elmer Huh, um analista de global equity do Morgan Stanley Dean Witter, Nova York.
A nova linguagem foi introduzida no mercado no ano passado, sendo que uma adaptação específica para informações financeiras, chamada XBRL, está à caminho. Um comitê do American Institute of Certified Public Accountants (AICPA) já estuda a padronização da apresentação de relatórios financeiros em XML. A expectativa é de que a XBRL esteja disponível ao mercado no mês de julho. Por enquanto, está em fase de discussões e sugestões.
Para o presidente desse comitê, Mike Willis, que é também presidente da Tampa – parceira da Pricewaterhouse–Coopers na Flórida – a colaboração e cooperação da indústria na produção do XBRL será bem sucedida, especialmente porque existe a disposição de que qualquer novo sistema seja programado nessa linguagem. O comitê do AICPA pretende trabalhar também num padrão internacional para XBRL, ou um “dicionário eletrônico” de termos usados no processo de balanços financeiros.
Para Elmer Huh, assim como outros analistas, o trabalho de análise de dados financeiros, que em geral leva horas para ser feito entre a montagem inteligente dos dados e a revisão dos mesmos, poderá ser feito em minutos com a nova tecnologia. Isso porque eles terão de digitar apenas um ‘pedaço’ da informação procurada, e não mais ‘palavras-chave’. Além disso, os analistas poderão fazer o download dos arquivos em qualquer formato, o que significa que não terão de transportá-los de um formato a outro.
O analista da Morgan Stanley Dean Witter diz, ainda, que o uso da XBRL poderá acusar mais rapidamente problemas nos dados financeiros de uma empresa. Através dela, por exemplo, é possível acessar um tipo específico de informação dentro do balanço de uma empresa, como o faturamento anual de um determinado ano.
Outros usuários da linguagem XML são clientes dos sites de gestão de investimentos, os ‘investment managements shops’, que facilita a pesquisa e relatórios aos clientes. O Credit Suisse Asset Management, por exemplo, está utilizando-a para converter a informação contábil sobre os portfólios do seu sistema interno para o seu site da web ao público. A empresa começou a utilizá-la há cerca de seis meses e descobriu que a XML se adapta perfeitamente aos sistemas instalados nos computadores dos clientes.
De acordo com Jeremy Condie, porta-voz da empresa, os clientes podem fazer o download de seus portfólios, informativos de mercado e comentários em geral. “O XML nos permite ser muito flexíveis na informação que enviamos ao nosso site”, diz.
A Grantham, Mayo Van Otterloo está estudando a implantação da linguagem tanto em sua rede interna como no seu site. “Nós achamos que a indústria vai aderir totalmente à XML”, diz Topher Callahan, diretor de e-business.
O único problema que essa empresa tem escutado a respeito da nova linguagem é a dificuldade de transferir informações de sistemas antigos para esse novo formato. Mas para a Grantham Mayo, os aspectos positivos superam largamente os negativos, especialmente porque o documento criado em XML pode ser replicado inúmeras vezes em qualquer formato.
De acordo com Callahan, a forma de trabalhar internamente também deve mudar com o uso da mesma. Por exemplo, na intranet da empresa os portfólio managers poderão analisar melhor do que hoje fatores específicos que levaram determinada carteira a esse ou aquele resultado.
Na Frank Russell, de acordo com Randy Kelley, supervisor do laboratório de tecnologia, a nova linguagem está sendo testada como ferramenta de criação e disponibilização de relatórios rápidos para clientes do varejo. Em breve, será também adotado para investidores institucionais. “Nós estamos tentanto disponibilizar tudo mais automaticamente, o que nos faz economizar tempo”, diz.