Santander pode estar começando a disputar o jogo | Compra do Boza...

Edição 72

Ao comprar o Bozano, Simonsen em meados de janeiro, pegando de surpresa boa parte do mercado financeiro, o Banco Santander pode estar engatando a quinta marcha para deslanchar suas operações de atacado no Brasil. Desde que ele comprou o BMC e depois o Noroeste, em 1997, que o mercado esperava uma postura mais agressiva do banco espanhol, semelhante à que ele adotou nos países latino-americanos como México, Chile e Argentina, onde tornou-se em pouco tempo um dos principais administradores de recursos de terceiros.
No Brasil, com exceção da pesada campanha publicitária de varejo feita em meados do ano passado, onde usou a imagem de um touro Miúra para anunciar sua política de juros decrescentes para quem usasse mais o cheque especial, a atuação do banco tem sido tímida. Com a recente compra do Bozano, Simonsen, que engloba as operações do banco de investimento de mesmo nome e as agências do Banco Meridional, a equação pode estar se invertendo.
A compra vai incorporar nada menos de R$ 1,7 bilhão em recursos de terceiros ao patrimônio do Santander, que sobe para a casa dos R$ 5 bilhões. Mas, talvez mais importante que esse salto no volume de recursos administrados seja a absorção do nome do Bozano, Simonsen, uma casa de tradição na gestão de recursos. Em entrevista à imprensa no dia em que anunciou a aquisição, o presidente do banco espanhol no Brasil, Gabriel Jamarillo, disse que o nome do novo banco de investimentos será provavelmente Santander Bozano, Simonsen.
A reestruturação da área de asset management do banco espanhol, que se juntará ao banco carioca, começou a ser feita imediatamente após o anúncio da compra. A expectativa é que esteja concluída em abril, segundo informou a assessoria de imprensa do Santander. A assessoria não quis dar outras informações sobre a reestruturação.
De acordo com o analista da área de bancos do Pactual, Bruno Zaremba, a fusão das áreas de asset management do Bozano e do Santander tem bastante sinergia, pois reúne um conhecimento profundo do mercado brasileiro do primeiro com a escala de comercialização do segundo. “Soma-se a expertise em Brasil do Bozano com a capilaridade da rede do Santander”, explica Zaremba. Segundo ele, o Bozano poderá agregar produtos diferenciados à prateleira do Santander, os quais terão uma exposição em agência que jamais conheceram.

Prioridade – O Santander iniciou operações no Brasil em 1982, abrindo a unidade de banco de investimentos nove anos depois. Com a aquisição do Bozano, Simonsen (oficialmente Grupo Meridional, que controla o banco de investimentos carioca e o banco de varejo gaúcho), o Santander torna-se o quinto maior banco privado no País e o segundo maior estrangeiro. Seus ativos passam a somar R$ 22,5 bilhões (cerca de 3% do total do mercado), com uma carteira de 1,7 milhão de clientes e uma rede de mais de 400 agências. “O Brasil é nossa prioridade para a América Latina”, disse o presidente do Banco Santander no País, Gabriel Jaramillo, em entrevista no dia do anúncio. “Com esta compra, damos um grande passo para ocupar um espaço relevante no setor financeiro brasileiro.”
A sede do banco de varejo, o Meridional, permanecerá em Porto Alegre e a marca será preservada por causa de sua forte identidade regional. O Meridional detém 25% de participação de mercado de bancos privados no Rio Grande do Sul. A capital gaúcha ficará como núcleo de gestão das atividades do banco comercial e da rede de agências na região Sul. Para as demais regiões do País, o núcleo de gestão do Banco Santander fica em São Paulo. Elvaristo do Amaral, até então vice-presidente do Santander Brasil, assumiu a operação em Porto Alegre. Ele substituiu Paulo Cesar Ximenes, que passou a integrar o conselho consultivo do Grupo Santander no Brasil. (ver seção Nomes & Carreiras)
A expansão do Santander no Brasil não deve cessar com a compra do Grupo Meridional. O banco espanhol pretende ampliar sua participação no mercado de 3% para 5%. Já deixou claro inclusive seu interesse em participar do leilão de privatização do Banespa, marcado para o mês de maio. Se vencer, o Santander desbanca o Unibanco do terceiro lugar do ranking dos bancos privados, por volume de ativos, e se aproximaria inclusive do vice-líder, o Itaú. Mas esta é apenas uma hipótese, já que Bradesco, Itaú e Unibanco também estão se preparando para a disputa.