Edição 128
As empresas prestadoras de serviços à planos de Contribuição Definida dos Estados Unidos estão tendo péssimas notícias ultimamente. De acordo com um estudo recém-publicado pela Boston Research Group, os custos de um plano tipo CD encolheram 30% desde setembro de 2001. O que parece ser uma boa notícia para as patrocinadoras de fundos de pensão, se mostra desastrosa para administradoras de ativos, consultorias e seguradoras americanas, já que a diminuição dos custos do plano representa uma redução de até 50% na remuneração dessas empresas.
A maior parte da queda resulta das taxas cada vez mais minguadas para a administração dos recursos, que até recentemente era um dos encargos mais pesados dos fundos de pensão. Estas taxas são quase sempre lucro puro para assets e consultorias; um típico plano de US$ 10 milhões em ativos paga em média US$ 122 mil em custos de administração de ativos anualmente, dos quais US$ 120 mil para a administradora, revelou o estudo. Assim, quando as taxas decrescem, os lucros acompanham o movimento de queda, nota
o presidente da consultoria 401kExchange.com, Fred
Barstein.
“Mas, mais importante que os ganhos totais são os ganhos por participante do fundo”, diz o presidente da consultoria R.G. Wuelfing&Associates, Robert Wuelfing. “Durante os últimos cinco ou seis anos, os ganhos por participante excederam os custos por participante. No entanto, como 89% de nossa remuneração é baseada em ativos, sentimos uma queda significativa das rendas durante 2001 e 2002. E acreditamos que este cenário não vai se alterar pelos próximos doze meses”.
Isto poderia tornar ainda pior uma situação que já é ruim. Durante os últimos anos, as prestadoras de serviços viram seus lucros diminuírem por conta da erosão nos rendimentos dos participantes e pelo gradual aumento das despesas para gerir o negócio. “O negócio de planos 401(k) é baseado em ativos”, explica Wuelfing. “As rendas acompanham o mercado”.
Analisando os dados da pesquisa por tipo de prestadora, as companhias de seguros reduziram os custos para os fundos de pensão em 20%, mesmo sabendo que seus encargos aumentaram em até 40%. Já as empresas de fundos mútuos diminuíram suas taxas em 30%. Hoje, sabe-se que 13% dos planos acompanhados por essas empresas não são lucrativos por conta dos baixos retornos e altos custos, revelou o presidente da Wuelfing&Associates.
Mesmo se o mercado se recuperar, o aumento do rendimento dessas empresas será muito lento, aposta o consultor, assumindo que, no curto prazo, mesmo que as taxas baseadas em ativos se recuperem as taxas de serviços por participantes dificilmente irão acompanhar o mesmo movimento ascendente.
E não somente os fundos de pensão americanos de médio porte, que foram a base do estudo da Boston, que estão vivenciando essa situação. Muitas patrocinadoras de grandes fundações acham que nunca terão os custos com a administração de seus ativos aumentados, apesar de saberem que mais participantes representam custos maiores, comentou Cormier.
A expectativa dos dirigentes desses mega-fundos são, em parte, justificadas pelo fato que a maior parte das prestadoras de serviços construíram sua base de clientes abaixando as taxas de administração para aumentar seus negócios. Cortaram parte do staff e reduziram a qualidade do serviço. O resultado foi uma espiral pela qual os patrocinadores se tornaram insatisfeitos por conta de que essas empresas não mais estavam trazendo o nível de retorno prometido. A saída, segundo Wuelfing, não deixa de ser simples: “eliminando-se a necessidade de novos negócios, essas prestadoras poderiam reduzir sua força de trabalho na área de vendas e focar mais em serviços”, concluiu.