A Previ, maior entidade fechada de previdência complementar do país, começa a abrir as portas para os quadros oriundos dos bancos dos estados de Santa Catarina (BESC), Piauí (BEP) e da Nossa Caixa, de São Paulo, incorporados pelo Banco do Brasil (BB) na década passada. Há um mês, os cerca de 10 mil empregados provenientes do trio e hoje no BB ganharam acesso aos planos da Caixa de Pecúlios (Capec) da Previ. “O pleito era antigo e foi atendido com a campanha ‘Capec para todos’, lançada em uma data simbólica: 16 de abril último, quando a Previ completou 115 anos de atividades”, comenta o diretor de seguridade Marcel Barros.
Criada em 1926, a Capec conta com o programa de benefícios mais antigo da casa. Soma 130 mil participantes, o equivalente a 70% da população de participantes e assistidos da Previ, que ao contrário do que ocorre com os planos de complementação de aposentadorias, não contribui com os pecúlios. A meta traçada pela entidade prevê adesões de 500 remanescentes do BESC, BEP e da Nossa Caixa até dezembro e mais 2.500 nos dois anos seguintes. A estratégia de divulgação incluiu ações na intranet, ainda em execução, e um trabalho de campo, em São Paulo, com dois dias de duração. “Abordamos participantes dos planos do Economus, que administra a previdência complementar dos ex-funcionários do banco estadual paulista. Eles respondem por 75% do total do público-alvo da campanha”, diz Barros.
Semelhante a um seguro, o pecúlio é apresentado pela Capec em três versões : morte, invalidez e especial (que prevê o pagamento em caso de morte do(a) cônjuge do(a) titular). A primeira, mais tradicional e cuja contratação é obrigatória para ter acesso às demais, permite ao participante indicar os beneficiários, que não precisam ser parentes e nem mesmo pessoas físicas. “Houve um senhor que indicou um clube do Rio de Janeiro, o Botafogo de Futebol e Regatas”, conta o diretor de seguridade. “Outro acabou optando por uma igreja, mas, diga-se, a contragosto, porque o que ele queria, mesmo, era deixar o seu pecúlio para Jesus Cristo.”
As adesões ao plano principal estão ao alcance de todos os funcionários do Banco do Brasil na ativa, sem restrições de idade. As contribuições são deduzidas do contracheque dos participantes e seus valores são bem inferiores aos seguros e outros produtos do gênero oferecidos pelo mercado, já que a Capec, assim como a Previ, não tem fins lucrativos. “Os prêmios pagos mensalmente pelos participantes oscilam na faixa de R$ 11 a R$ 600, aproximadamente, e correspondem a benefícios entre R$ 38 mil e R$ 205 mil”, informa Barros.
Meta atuarial – Com uma carteira de R$ 417,69 milhões, a Capec obteve retorno de 8,09% em 2018, superando com folga a meta atuarial de 5% acima da variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Cerca de 80% dos recursos estão aplicados em um fundo de renda fixa exclusivo gerido pela BB DTVM. O restante se encontra aos cuidados de cinco instituições sem vínculos com o Banco do Brasil. “As aplicações concentram-se em títulos públicos marcados a mercado, mas também abrimos espaço para papéis privados, notadamente de bancos, como letras financeiras e certificados de depósito bancário. A opção preferencial pelo fundo de investimento é fruto da necessidade de liquidez, para o pagamento de benefícios”, diz Barros.
Eleito para a diretoria da EFPC com o apoio de entidades sindicais representantes dos trabalhadores, ele acredita que a campanha “Capec para todos” pode e deve ser o ponto de partida para uma maior integração à Previ dos funcionários do BB oriundos de BESC, BEP e Nossa Caixa. A proposta, que é antiga e já gerou, inclusive, processos judiciais, prevê a transferência dos planos de previdência complementar desses bancários – hoje geridos, respectivamente, pela Fusesc, a PrevBEP e o Economus –, com ativos totais de R$ 8,8 bilhões, para o fundo de pensão do BB. “Queremos que todos os funcionários do Banco do Brasil recebam o mesmo tratamento. O ideal é que as poupanças previdenciárias dos remanescentes das três instituições estaduais sejam alocadas no plano Previ Futuro, da Previ”, defende Barros.