Edição 79
A fundação Petros, da Petrobrás e empresas do setor petroquímico, ainda não sabem como classificar os ativos equivalentes a 13% de sua carteira de renda variável nos novos critérios estabelecidos pela resolução 2.720. De acordo com a diretora de investimentos da entidade, Eliane Thompson Flores, esses ativos poderiam ser alocados tanto no item ‘ações de baixa liquidez’, como no ‘empresas em reestruturação’ ou, ainda, em ‘projetos de infra-estrutura’.
“Consideramos a resolução 2.720 muito positiva para o mercado, porém ainda existem dúvidas quanto à sua aplicação. Nós estamos tentando fazer o nosso ‘dever de casa’ primeiro, para depois conversar com os órgãos do governo”, diz.
A Petros vem adotando, desde o início desse ano, uma estratégia de investimentos mais voltada a projetos alternativos, sobretudo nas áreas de infra-estrutura e energia, como alternativa à esperada queda na rentabilidade da renda fixa ao longo dos próximos anos. No final de março desse ano, o presidente da entidade, Carlos Henrique Flory, declarou à Investidor Institucional a intenção de migrar R$ 2 bilhões de sua carteira de renda fixa para aplicar, paulatinamente, em project finance.
Na mesma linha, foi anunciada recentemente uma parceria entre a fundação e a BNDESPar para a formação de um fundo de private equity para aplicações no setor de óleo e gás, que teria um patrimônio de R$ 340 milhões. A idéia é que cada um desses parceiros integralize 20% das cotas, e o restante seria aberto a outros investidores. “Estamos procurando um administrador para esse fundo, e um dos pontos levados em consideração é a disposição dele de investir também”, conta Eliane.
Contudo, essa mudança na carteira da Petros em consequência da 2.720, que prioriza aplicações mais líquidas, poderia atrapalhar os planos. “Se a interpretação final dos órgãos competentes for na linha restritiva, teremos que nos enquadrar”, diz Eliane.
Consultoria – O fundo contratou uma consultoria, a paulista PPS, para auxiliá-lo na separação das carteiras por benchmarks. O trabalho já foi feito para a renda fixa, e o próximo passo é uma classificação mais detalhada na renda variável.
A PPS vai comparar essas carteiras da Petros com os fundos similares administrados pelo mercado. Para isso, utilizará uma metodologia própria, que inclui critérios de precificação únicos e a “devolução” da taxa de administração cobrada por esses fundos ao valor de suas cotas. “Nosso objetivo é apurar o que o administrador conseguiu com o seu esforço”, diz um dos sócios da consultoria, César Guimarães.
FGTS – A Petros está pedindo a gestores do mercado propostas para administração de um fundo com o FGTS dos funcionários da Petrobrás para compra de ações da empresa, que serão ofertadas pelo BNDES. De acordo com Eliane Flores, estão sendo mantidos contatos com cerca de 30 instituições. “Pretendemos assessorar os participantes da Petros fazendo a interface com o mercado, discutindo condições e taxas, porque temos bastante experiência nisso. Mas a divulgação das regras de formação desses fundos é recente, e ninguém ainda formalizou interesse”, informa ela.