Edição 74
Os fundos de pensão registraram em 99 um crescimento de 26,8% em suas carteiras de investimentos, acumulando ativos de R$ 115,1 bilhões, conforme dados do balanço da Associação Brasileira de Entidades Fechadas de Previdência Privada (Abrapp). Esta expansão anual foi a maior verificada desde a criação do Plano Real (ver tabela). O resultado foi alcançado devido principalmente ao bom desempenho de dois tipos de aplicações: as ações e os papéis de renda fixa.
No ano passado, os investimentos das fundações em renda variável saltaram de R$ 17,4 bilhões para R$ 30,2 bilhões, enquanto que as aplicações em renda fixa pularam de R$ 20,6 bilhões para R$ 36,4 bilhões. “A renda fixa continuou oferecendo taxas elevadas aos fundos de pensão e só no final do ano eles passaram a aumentar suas posições na bolsa”, afirma o presidente da Abrapp, Carlos Duarte Caldas.
No final de 1998, os investimentos diretos em ações representavam 19,2% do total enquanto que no fechamento do ano passado, este valor havia subido para 26,3%. Mesmo com a elevação, o nível de concentração em renda variável ainda está longe dos 39% registrados em 1994. “Começamos a retomar o nível médio do passado”, afirmou Caldas. “Acredito que esta tendência deverá persistir em função da estabilidade da economia, do avanço das reformas e da redução dos juros”. Para ele, os fundos de pensão vão procurar investimentos mais rentáveis que a renda fixa tradicional para cobrir suas metas atuariais.
Os investimentos indiretos em ações, via fundos, também ganharam terreno: passaram de 10,2% do total em 98 para 12,2% em 99. Em termos absolutos, as aplicações em fundos de ações cresceram de R$ 9,2 bilhões para R$ 14,0 bilhões no período considerado.
Quem perdeu espaço nas carteiras dos fundos de pensão em 99 foram as aplicações diretas em imóveis. Em termos absolutos, esta modalidade de investimento registrou um aumento de R$ 9,6 bilhões para R$ 10,1 bilhões. Em termos relativos, no entanto, isso representou um encolhimento de 10,7% para 8,8%. Segundo Carlos Caldas, a redução se deu pelo aumento do desinteresse das fundações em investir diretamente em imóveis e pelo crescimento rápido do patrimônio global. Além disso, verificou-se o aumento da preferência por fundos imobiliários em detrimento das participações. “As fundações estão preferindo os fundos imobiliários porque apresentam maior liquidez do que o investimento direto”, afirmou Caldas.
Assim como os investimentos diretos em imóveis, os empréstimos a participantes e os financiamentos imobiliários também viram encolher suas fatias nas carteiras dos fundos de pensão. Os empréstimos recuaram de 1,9% em 98 para 1,6% no ano passado, enquando os financiamentos de imóveis declinaram de 4,4% para 3,4% do total.
Poucos fundos – Ainda que tenha ocorrido um crescimento significativo do sistema em termos de ativos, o número de fundos de pensão autorizados cresceu muito pouco. Ao final de 99, estavam autorizados 362 fundos, contra 359 no fechamento do ano anterior. Por outro lado, mais de 150 empresas começaram a patrocinar planos de entidades próprias ou multipatrocinados no ano passado. “Acredito que, com a aprovação dos projetos de lei que estão tramitando no Congresso, um número cada vez maior de empresas deve constituir fundos fechados”, disse o presidente da Abrapp.
Caldas acredita que, assim como aconteceu na Câmara dos Deputados, o projeto de lei complementar n° 10, passará com tranqüilidade pelo Senado Federal. Ele deposita muita confiança na criação da figura do instituidor para a ampliação do número de entidades fechadas de previdência privada. “Visualizo que o sistema poderá quadruplicar suas reservas em um período de quatro a cinco anos.”