Mudanças no fundo de pensão da Nestlé | Fundação reestrutura cart...

Edição 267

 

A Fundação Nestlé de Previdência Privada (Funepp) está reestruturando a carteira de renda variável doméstica, que soma cerca de R$ 140 milhões, e representa aproximadamente 10% da carteira total de investimentos da entidade. As mudanças envolvem a adoção de novas estratégias, benchmarks e gestores. Além disso, a entidade aprovou outros 10% de limite para investimentos no exterior em sua política de investimentos, mas tem como meta chegar a 5%. A novidade é que o fundo de pensão pretende realizar as alocações no exterior com auxílio da Nestlé Capital Advisers, que é uma gestora sediada na Suiça que pertence ao conglomerado econômico.
Na carteira de renda variável doméstica, metade será gerida internamente, de maneira passiva, guiada pelo benchmark IBrX. Já a outra metade terá uma gestão ativa, e a fundação está com o processo de seleção do gestor em andamento, com previsão de término para o fim de fevereiro. “Avaliamos a possibilidade de investir em fundos mútuos com alguns gestores, mas a tendência é montarmos um fundo exclusivo com um gestor independente”, afirma Alessandra Cardoso, gerente de investimentos da entidade de previdência complementar da Nestlé.
Para chegar a uma lista de gestores para selecionar, a Funepp realizou um estudo junto com a consultoria Aditus e a MSCI, e a conclusão a que chegaram foi a de que o principal fator de risco dentro de fundos ativos de renda variável não é a estratégia escolhida, e sim o próprio gestor. “Se é uma estratégia de small cap, de fato o mandato fica em small cap mesmo. Mas se a estratégia é crescimento, valor ou total return, não há um fator de risco muito claro, o principal fator nas estratégias é o stock picking do gestor”, diz Alessandra.
Por conta disso, o foco na escolha do gestor não será voltado para uma estratégia específica, mas sim para uma casa com quem a entidade tenha bom relacionamento e confiança. “Focamos em gestores independentes porque, pelo que vimos nos estudos, são os que trazem maior retorno para esse tipo de gestão”.

Exterior e hedge fund – Com as perspectivas fracas para a bolsa brasileira, a Funepp também aprovou em sua política de 2015 o investimento no exterior, no limite de até 10% do patrimônio, mas com o alvo em 5%. Como o trabalho no fundo de pensão está agora voltado para a renda variável doméstica, a escolha dos gestores para os fundos no exterior deve ficar para o segundo semestre.
Quando chegar o momento de selecionar os fundos internacionais, a Funepp poderá contar com o auxílio da Nestlé Capital Advisers, gestora sediada na Suíça que auxilia os fundos de pensão da multinacional em suas decisões de investimento. “Vamos utilizar a expertise deles na análise desses fundos”.
O investimento direto no exterior vai começar em 2015, mas a exposição internacional já havia começado na Funepp em 2014, e inclusive foi a que trouxe o melhor resultado para a carteira. A entidade teve um retorno de 28% com índices futuros do S&P 500 negociados via bolsa local.
No planos de benefício definido (BD), a exposição a esse ativo ficou ao redor dos 4%, e contribuiu para a rentabilidade de 16,20% do plano no ano passado. No plano de contribuição variável (CV), a rentabilidade consolidada do plano foi de 12,08%, contra a meta de 12,34% (INPC mais 5,75%), e a alocação no futuro do S&P 500, que começou com 10%, subiu para 12% por conta da rentabilidade. “Vamos reduzir esse percentual para 8%, e utilizar parte desses recursos para iniciar o investimento no exterior”. O investimento no exterior da Funepp, explica a gerente, deve ter uma diversificação maior, e não ficar restrito somente ao mercado americano.
Enquanto reestrutura suas áreas de renda variável, para capturar os ganhos de curto prazo, a Funepp optou por fazer uma alocação no fundo multimercado Galileu, do Safra, que rendeu 14,84% em 2014. A entidade aplicou cerca de 3% do PL de seus planos, e pode expandir esse percentual para até 5%. O patrimônio líquido total do Galileu soma R$ 4,5 bilhões e o fundo já está fechado para a entrada de investidores individuais.

Novos planos – A Funepp conta hoje com quatro planos de benefícios, um BD, já fechado, só com aposentados, e um CV. Além disso, em outubro do ano passado foram criados dois novos planos de contribuição definida (CD) na entidade, um para aqueles que quisessem migrar do CV, e outro para os novos participantes da entidade, que ainda têm um volume inexpressivo. “São planos mais flexíveis em termos de saques, contribuição, resgates, decidimos criar planos que sejam mais adequados às praticas atuais do mercado”, diz Alessandra.