Mais serviço às consultorias | A demanda pelos serviços das consu...

Edição 78

As empresas que quiserem constituir, reavaliar ou mesmo encerrar um plano de previdência podem ter de aguardar numa lista de espera. As mudanças no ambiente regulatório, o aumento da oferta de novos produtos e a instabilidade da economia geraram uma super-demanda por serviços de consultoria, a ponto de sobrecarregar as empresas tradicionais do ramo.
De acordo com Waldner Conde, da Atual Consultoria, um dos sintomas mais fortes disso é o “esticamento” dos prazos para conclusão de trabalhos, ou seja, um estudo que até um ano atrás consumia trinta dias pode demorar bem mais para ficar pronto. “Muitas vezes o cliente acaba se desinteressando quando dizemos o prazo no qual podemos entregar o estudo. E embora nós não nos preocupemos em ficar perguntando, em alguns casos dá para perceber que ele também encontrou a mesma situação em outra consultoria”, diz.
Segundo ele, o volume de demandas por serviços de consultoria atuarial vem crescendo sistematicamente nos últimos doze meses, principalmente por parte de fundos que querem uma segunda opinião sobre o plano que administram. “As entidades querem e precisam tomar decisões cada vez mais fundamentadas em relação aos seus planos, e por isso estão buscando a opinião de um segundo atuário. Esse movimento está acontecendo também com os nossos clientes”, acrescenta.
Já os consultores da William M. Mercer têm se desdobrado para atender os pedidos de avaliação do passivo atuarial do Banespa, feitos por empresas que pretendem disputar o controle do conglomerado financeiro. Atualmente, a Mercer tem quatro equipes trabalhando nisso, cada uma delas para um cliente distinto. “Chegamos a um ponto em que não teríamos como compor mais uma equipe para isso se tivéssemos uma solicitação. Porque cada equipe é composta por pessoas distintas, que não podem trocar nenhuma informação, para garantir a chinese wall e preservar os clientes”, diz o consultor Éder Carvalhaes.

Especialização – Ele ressalta que o mercado de consultorias de previdência está aquecido de um modo geral. “Não só o volume mas o leque de serviços também está se ampliando. Os pedidos de seleção de entidades abertas, seguradoras ou fundos múltiplos, por exemplo, têm aumentado sensivelmente”, comenta.
Waldner Conde, da Atual, concorda. “Cada vez mais temos sido chamados para revisões de tábuas biométricas, índices de rotatividade de pessoal, correção de salários, que antes não eram tão frequentes”, conta.
Esse cenário mais dinâmico da previdência deve levar a uma especialização das consultorias, por tipo de cliente ou serviço. Nenhuma das empresas multinacionais do segmento tem atuado, por exemplo, em projetos de constituição de fundos de estados e municípios. “É uma questão de foco, que no nosso caso são os clientes multinacionais”, diz o consultor da William M. Mercer.
Na opinião de Luís Roberto Gouvêa, da Towers Perrin, essa mudança deve fortalecer e ampliar os players desse mercado. “Estão surgindo mais oportunidades para pequenas e médias empresas de consultoria e esse aquecimento do mercado é saudável. As grandes consultorias já estão bem dimensionadas”, diz.