A greve dos caminhoneiros, que paralisou o País por 10 dias no final de maio, afetou bastante o atuarial das fundações previdenciárias no primeiro semestre. Na Fundação Viva de Previdência (VivaPrev), antiga Geap Previdência, o plano de Benefício Definido (BD) chegou ao final do primeiro semestre com rentabilidade de 1,86%, contra uma meta atuarial de 4,48% para o período. “Somente em junho, por conta da inflação que cresceu muito, o acréscimo na nossa meta foi de 1,74%”, explica o diretor financeiro e presidente interino da fundação, Júlio César Alves Vieira, que passou a acumular o cargo com a saída de Sérgio Gouveia em abril.A greve dos caminhoneiros, que paralisou o País por 10 dias no final de maio, afetou bastante o atuarial das fundações previdenciárias no primeiro semestre. Na Fundação Viva de Previdência (VivaPrev), antiga Geap Previdência, o plano de Benefício Definido (BD) chegou ao final do primeiro semestre com rentabilidade de 1,86%, contra uma meta atuarial de 4,48% para o período. “Somente em junho, por conta da inflação que cresceu muito, o acréscimo na nossa meta foi de 1,74%”, explica o diretor financeiro e presidente interino da fundação, Júlio César Alves Vieira, que passou a acumular o cargo com a saída de Sérgio Gouveia em abril.
Segundo ele, como a marcação dos títulos públicos do plano BD é toda feita à mercado, a rentabilidade desses papéis foi afetada pela greve. “A abertura dos juros a partir da greve dos caminhoneiros afetou nossa carteira negativamente”, pondera. No primeiro semestre o retorno da carteira de renda fixa da VivaPrev ficou em 2,04%, abaixo dos 3,17% do CDI no período. “Em situações como essa, consideramos importante fazer um trabalho de levar todas as informações aos participantes para destacar a atipicidade do momento e a necessidade de calma para poder retomar o rumo de rentabilidade nos planos”, afirma Vieira.
O dirigente ressalta que a recuperação dos mercados de renda fixa e variável a partir de meados de junho, que prosseguiu em julho, já melhorou os resultados do BD. Até 20 de julho o plano acumulava retorno de 4,27%, contra uma meta de 4,8%. “Da mesma forma que a abertura dos juros nos prejudicou, quando ocorre o contrário, como começamos a observar nas últimas semanas, somos beneficiados”.
Dos R$ 2,6 bilhões do plano BD, cerca de 81% estão em renda fixa, 15% em renda variável e 4% em FIPs. “Nosso risco de crédito é muito baixo, menor do que 1%. Os riscos aos quais estamos expostos são somente os de mercado mesmo”. Como a visão da fundação é voltada para o médio e longo prazo, Vieira afirma que não há, no momento, estudos para alterar a carteira.
Ele acredita que, com a desaceleração da inflação e uma possível continuidade da recuperação do mercado, o fundo de pensão poderá fechar o ano de 2018 acima da meta atuarial.
Agressivo – No Fundo Paraná, multipatrocinado de R$ 6 milhões que oferece perfis de investimento aos seus participantes, o perfil agressivo rendeu 2% no primeiro semestre, contra uma meta de 4,7% para o período. Até abril, o perfil agressivo da entidade tinha rendimento de 6% contra um atuarial de 2,5%. O perfil agressivo tem 40% de exposição em bolsa (35% em ações de dividendos e 5% em small caps) e 57% em renda fixa (31,5% em NTN-Bs marcadas na curva e 25,5% em LFTs e NTN-Bs à mercado), além de 3% em empréstimos aos participantes. “A greve dos caminhoneiros em maio gerou um aumento pontual da inflação e derrubou o rendimento da bolsa, assim como das NTN-Bs à mercado, prejudicando os nossos resultados”, afirma o presidente do fundo, Renato Follador.
Ele lembra, por outro lado, que justamente por conta da exposição elevada à bolsa, o perfil agressivo obteve rendimentos bem acima de seu atuarial nos últimos dois anos (duas vezes a meta em 2016 e quase três vezes em 2017). “Temos uma boa gordura conquistada nos últimos dois anos”, diz Follador.
A rentabilidade dos outros perfis foram ligeiramente melhores. No perfil moderado, com 20% de bolsa,a rentabilidade no primeiro semestre foi de 2,5%, e no perfil conservador, com 5% de bolsa, foi de 3%.
Usando IGP-DI – Na PreviNovartis, que usa o IGP-DI como benchmark, o impacto da greve dos caminhoneiros na meta atuarial foi mais agudo. Como esse índice é mais impactado pelos preços do atacado do que o IPCA ou INPC, a rentabilidade da fundação nos primeiros seis meses do ano ficou em 3,75%, contra uma meta de 7,64%. “Apesar de não termos conseguido superar a meta, que não era o que esperávamos após o bom início do ano, o retorno que obtivemos foi superior aos 3,17% do CDI”, diz o diretor AETQ da entidade, Mucio Maia.
Por conta da volatilidade no mercado, a PreviNovartis optou por adotar uma estratégia mais conservadora no mercado, excluindo da composição o IMA-B 5+ e aumentando a parcela em IMA-S. Além dessa mudança, a PreviNovartis também deve alterar para o próximo exercício o referencial de inflação, passando a utilizar um mix entre IGP-DI e IPCA esperando com isso reduzir a volatilidade da carteira.
Além dos efeitos da greve e das incertezas políticas internas, também o cenário externo, com as políticas protecionistas de Trump, tem contribuído para o aumento do risco, nota Maia. “A valorização do dólar se refletiu em aumento nos preços dos importados e na inflação”.
Mas se o incremento do dólar trouxe impactos desfavoráveis aos índices de preços, por outro lado ajudou na rentabilidade por conta dos investimentos no exterior via o fundo da BlackRock, que subiu quase 20% no primeiro semestre. Maia espera um segundo semestre ainda bastante volátil, por conta do cenário internacional conturbado e das indefinições nas eleições brasileiras. “Mas não estamos pensando em alterar o portfólio de investimentos por causa disso”, afirma o dirigente.
Batendo a meta – A Celos, com um PL aproximado de R$ 3 bilhões, foi a única entre as entrevistadas que conseguiu bater a meta no primeiro semestre. No plano BD, sua rentabilidade em seis meses foi de 4,75% para uma meta de 4,46% (107% da meta, contra 151% ao final do primeiro trimestre). Já no plano CV, a rentabilidade em seis meses foi de 3,94% para uma meta de 4,35% (91% da meta, contra 133% ao final do primeiro trimestre). O presidente da Celos, Ademir Zanella, lembra que maio tem se notabilizado como um mês difícil para o mercado financeiro, já que nesse mês de 2017 ocorreu o episódio que ficou conhecido como ‘JBS Day’, quando a delação dos controladores do frigorífico balançou o governo e os preços dos ativos no mercado, e este ano ocorreu a greve dos caminhoneiros.
A fundação marca mais da metade de seus papéis na curva, o que contribuiu para minimizar a volatilidade da carteira. Além disso, segundo Zanella, os multimercados estruturados se beneficiaram nos últimos meses da valorização do dólar, por conta de suas posições em ativos no exterior, o que contribuiu para que o plano BD tenha superado sua meta no primeiro semestre. A Celos tem em seu portfólio multimercados da Bahia Asset e da SPX Capital.
Seguindo a tendência das demais entidades, para o segundo semestre a intenção da Celos não é promover alterações entre as classes de ativo, embora modificações dentro dos próprios segmentos estejam no radar. “Na renda variável temos buscado fundos menos arrojados, que não tenham tanta volatilidade”.