Edição 123
O North Carolina Teachers and Employees Retirement System, um fundo de pensão de US$ 53 bilhões em ativos e que garante benefícios previdenciários para 600 mil aposentados atuais e futuros, planeja transferir US$ 3 bilhões que estão investidos em títulos para o mercado de ações. Dentro de um ano, o Estado espera ter 55% dos ativos do fundo público alocados em renda variável, comparado com os 49% atuais.
O superintendente do fundo, Richard Moore, que também é tesoureiro do estado, diz que a decisão é motivada pela necessidade de buscar maior rentabilidade no mercado de ações para fazer face aos pagamentos futuros de benefícios. Auditores do Tesouro estadual que gastaram meses analisando o fundo concluíram que, sem um aumento nas contribuições ou nas rentabilidade anuais, o Estado deveria fazer aporte de cerca de US$ 1 bilhão em 2010.
E, segundo administradores de recursos, o diretor escolheu a hora ideal para comprar ações. O aumento nos lucros das empresas e a pressão por uma melhor governança corporativa deve ajudar a melhorar a cotação dos papéis das empresas a longo prazo. O índice de ações da Standard&Poor’s 500 acumula alta de 11% desde 23 de julho último, razão pela qual muitos considerem que o tempo das vacas magras começou a passar.
Segundo a administradora de recursos Glenwood Capital, subsidiária da RBC Centura Banks, a atuação do fundo está correta, já que existe muito mais possibilidades de altas do que quedas.
Mas alguns questionam por que o Estado se intrometeria com um fundo que, em comparação com outros públicos do País, mantinha boa rentabilidade dos investimentos. O fundo da Carolina do Norte gerou uma média de retorno anual de 6,7% entre 1997-1998 e 2001-2002, comparado com a média anual de 5,5% de outros fundos, de acordo com a consultoria Wilshire Associates.
Ainda, durante a maior queda do mercado desde a Grande Depressão, a entidade registrou perdas pouco significativas. Durante o ano 2000-01, o fundo perdeu 2,4%, enquanto os fundos de pensão públicos do país registraram quedas de até 5,1%.
Outros – Outros fundos de Estados também estão transferindo suas aplicações para ações. O California Public Employees’ Retirement System (Calpers), maior fundo de pensão público com US$ 149 bilhões em ativos, recentemente vendeu US$ 1 bilhão em títulos para comprar ações de empresas norte-americanas. Fundos do Oregon, Kansas e Montana acompanharam o movimento e também compraram ações nos meses de junho e julho.
Sindicato aponta falha de dirigente de fundo
O sindicato de servidores públicos da Flórida acusou, no último dia 29 de agosto, o governador Jeb Bush e outros membros do conselho que administra o fundo de pensão do Estado americano de terem falhado ao monitorar os investimentos que geraram perdas de milhões de dólares às reservas da entidade. Entre os casos citados pelo sindicato, destaca-se o que o fundo do Estado perdeu US$ 335 milhões em ações da Enron quando a empresa foi à falência.
Dirigentes da American Federation of State, Conty and Municipal Employees (AFSCME), federação que congregra funcionários de todas as esferas do Estado e coordenou a investigação, recomenda que o conselho seja substituído por um grupo independente – o novo time incluiria servidores estatais.
Preocupação com a vigilância contábil
Diretores dos maiores fundos de pensão públicos dos Estados Unidos se reuniram no início de agosto para pedir aos executivos das empresas mais integridade e, aos acionistas, um maior acompanhamento contábil. O encontro mostra que as entidades previdenciárias querem exercer melhor o papel de acionistas para aprovar reformas que visam restaurar a confiança do investidor e proteger os participantes de perdas derivadas de má administração corporativa. O grupo, que inclui fundos de pensão públicos de 17 Estados americanos – e carregam mais de US$ 1 trilhão em ativos no exterior –, comentou que começará dividindo informações e coordenando ações para atingir o máximo de resultados, mas que cada fundo irá fazer suas próprias decisões no terreno dos investimentos.