Fundação Promon quer mercado internacional | Entidade prepara, a ...

A Fundação Promon de Previdência Social (FPPS), fundo de pensão privado mais antigo do país, acaba de dar início à constituição de um fundo exclusivo para investimentos no exterior. A proposta apresentada pela diretoria foi ratificada em 7 de agosto em assembleia geral extraordinária do conselho deliberativo. “Já estamos conversando sobre estratégias e mandato com potenciais gestores. A intenção, após obtermos a aprovação da Comissão de Valores Mobiliários, a CVM, é começar as operações até o fim do ano”, diz o diretor-presidente Milton Lopes Antello Filho.
A decisão foi fruto direto da Resolução 4.626 do Conselho Monetário Nacional (CMN), de 25 de janeiro último. A norma estabelece, entre outros itens, que os gestores de fundos exclusivos para investimentos no exterior devem comprar cotas de fundos estrangeiros com históricos de performance de pelo menos 12 meses, os quais tem de ser geridos, obrigatoriamente, por instituições com cinco ou mais anos de experiência no segmento e recursos superiores a US$ 5 bilhões.
“Fundos exclusivos são muito mais vantajosos, pois permitem acesso direto ao mercado externo e, também, reduções de custos”, comenta o diretor de investimentos André Natali Schonert, que, para aproveitar a oportunidade, rompeu, em parceria com Antello, uma tradição da FPPS. “Não costumamos alterar a política de investimentos ao longo de um exercício, mas a chance criada pela 4.626 justificou a exceção.”
As inversões no exterior garantiram bons ganhos à EFPC no último ano. Os planos Multiflex, de contribuição definida (CD), e BásicoPlus, de benefício definido (BD), obtiveram rentabilidades de 20,4% e 22,3%, respectivamente, em aplicações em um total de quatro fundos de ações lastreados, na maior parte, por papéis de empresas dos Estados Unidos e da Europa. Com alocações externas bem abaixo do teto estabelecido pela legislação, as carteiras de ambos os planos terão suas posições no mercado global dilatadas entre um e dois pontos percentuais – de 5% para 7%, no CD; de 2% para 3%, no BD – com o fundo a ser criado. “Os investimentos externos do Multiflex e do Básico Plus saltarão de R$ 50 milhões para R$ 80 milhões”, informa Montello. “Nesse processo, também vamos diversificar ativos, buscando cotas de fundos de liquid alternatives, equivalentes aos multimercados existentes no Brasil.”

Rentabilidades acumuladas – No plano geral, os indicadores da FPPS são igualmente expressivos. Entre 2016 e o ano passado, seus planos CD e BD apresentaram rentabilidades acumuladas de 30,60% e 23,97%. Fechado para adesões desde 2005, o BásicoPlus atingiu, em 2017, um superávit técnico de R$ 211 milhões, o qual gerou uma reserva especial de R$ 91 milhões que o fundo de pensão, com a anuência da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), pretende distribuir entre participantes e patrocinadores. “O plano tem 70% de sua carteira em títulos públicos marcados na curva, o que praticamente garante o cumprimento da meta atuarial de 5,35% ao ano além do INPC”, assinala Schonert. “Os demais 30% proporcionam uma boa gordura.”
Já a carteira do Multiflex, segundo o executivo, vem sendo calibrada nos últimos anos para reduzir a exposição ao risco, tendência que vem ganhando corpo em razão do início da campanha eleitoral. A FPPS aumentou a posição em renda variável em 2017 de 6,1% para 7,9% dos ativos, obtendo um ganho de 37,4%, mas reduziu o peso das ações no portfólio do plano CD para 7% em sua política de investimentos referente ao período de 2018 a 2022. As aplicações em renda fixa caíram de 77,2% para 73,2% em 2017, tendo alcançado rentabilidade de 11,4%, e devem ter sua fatia reduzida para 69%. “Como complemento da estratégia para este ano, optamos por uma elevação dos investimentos estruturados para algo em torno de 12% da carteira”, diz Schonert.
Há mais de 40 anos, a Fundação Promon é referência no setor não apenas pela gestão. Iniciou as atividades em janeiro de 1976, 18 meses antes da sanção do primeiro marco regulatório da previdência fechada no país, a Lei 6.435, e cumpriu papel decisivo na criação da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), em 1978, e da Associação dos Fundos de Pensão e Patrocinadores do Setor Privado (APEP), em 1989. Com sete patrocinadores, a FPPS se orgulha de ser talvez a única EFPC a contar com 100% de adesão do seu público-alvo. “É o resultado de uma política extremamente favorável aos participantes, já que os patrocinadores contribuem mensalmente com 5% sem a exigência de qualquer contrapartida. Não há quem não queira aderir”, explica Antello.