O restrito clube de fundos de pensão que mantém planos de aposentadorias não contributivos, ou seja, com aportes de recursos a cargo apenas de patrocinadores, acaba de perder um de seus sócios mais ilustres. O grupo Bosch, de capital alemão, decidiu barrar o acesso de novos participantes ao Plano de Aposentadoria Bosch (PAB), de contribuição variável (CV), lançado em 1986 pela PreviBosch. Os quadros da casa passam a contar com o BoschLife, um plano de contribuição definida (CD) oferecido pela recém-criada BoschPrev Sociedade de Previdência Privada, com aportes dos oito mantenedores e dos funcionários aderentes. “Ao longo dos últimos 33 anos, os planos previdenciários ganharam desenhos mais flexíveis e dinâmicos. Atenta a essa evolução, a Bosch optou por criar um novo plano, com características mais modernas e um modelo de coparticipação”, comenta a gerente de previdência privada Tânia Constantino.
Com uma carteira de investimentos por volta de R$ 980 milhões, a PreviBosch atende uma população composta por 11.275 participantes ativos e assistidos. A longo prazo, segundo a executiva, a entidade fechada de previdência complementar (EFPC) mais antiga poderá ser absorvida pela caçula, mas não estão previstos programas de estímulo à migração de participantes da primeira para a segunda. Dúvidas sobre as novidades vêm sendo esclarecidas, nos últimos meses, em um ciclo de palestras que já contou com a participação de 2.500 empregados.
“A primeira fase da campanha de divulgação deverá se estender até junho. As contribuições iniciais ao BoschLife estão previstas para o mês seguinte”, informa Tânia, que já cuida, em conjunto com o conselho deliberativo da BoschPrev e uma consultoria externa, da definição da política de investimentos do novo plano. “A intenção, de início, é concentrar as aplicações em ativos de renda fixa, abrindo espaço para a renda variável à medida que o patrimônio líquido aumentar. Também temos projetos, no futuro, de criar perfis de investimento.”
Menos de 10 – Com a saída da PreviBosch, o contingente de entidades com planos não contributivos declina para menos de uma dezena. A integrante mais ilustre do grupo é a Fundação Promon de Previdência Social, a EFPC privada mais antiga do país. Desde o início da trajetória da entidade, em 1976, os seus mantenedores, que hoje somam sete, contribuem com o correspondente a 5% da folha de pagamento dos 2,5 mil participantes dos planos de BD e CD, sem exigir qualquer contrapartida. “Não por acaso, a adesão aos planos é de 100%”, assinala o diretor-presidente Milton Lopes Antello Filho.
A Fundação Promon, que contabiliza ativos ao redor de R$ 1,6 bilhão, também estimula o seu público a contribuir com os planos. Dos participantes ativos, cerca de 60% realizam aportes mensais equivalente a 4% de seus vencimentos, 0,5 ponto percentual acima da média registrada há três anos. A evolução foi resultado de uma nova estratégia de educação previdenciária. A entidade passou a promover, em 2018, encontros internos para divulgar a previdência fechada e esclarecer dúvidas. “Cerca de 50% do quadro de funcionários participou das reuniões, que são realizadas mensalmente e contam com a participação de dez a 12 pessoas de uma mesma faixa etária. O retorno proporcionado por esta iniciativa foi surpreendente”, diz Antello.
Adesão absoluta – O índice de adesão também é absoluto nos planos administrados por três entidades do interior do Rio Grande do Sul, Danaprev, PreviStihl e TramontinaPrev, que somam cerca de 15,5 mil participantes ativos e assistidos. Surgido entre 1988 e 1996, o trio recebe contribuições apenas dos patrocinadores. Só a PreviStihl, a decana do grupo, aceita aportes dos participantes, por intermédio da portabilidade de planos garantidores de benefícios livres (PGBLs).
Com patrimônio líquido de R$ 143,2 milhões e uma população de 2.650 ativos e assistidos, a PreviStihl oferece duas benesses previdenciárias: as contas coletiva e individual, voltadas para quem ganha até R$ 7,1 mil e acima disso, respectivamente. O processo de adesão é realizado na semana de integração, durante a qual os novos funcionários são apresentados aos benefícios da Stihl. “Muitos nem têm ideia do que seja previdência complementar, mas logo se interessam ao saber que só o patrocinador contribui com os planos. Não há quem recuse as contas”, conta a assistente de operações de recursos humanos Pamela Lourenço.