Esforço para manter unidade na Abrapp | Com desistência de Piment...

Edição 254

 

A formação das chapas para as próximas eleições da Abrapp (Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar), previstas para o mês de dezembro, tem sido uma das mais complexas de toda história da associação. O principal impasse no momento do fechamento desta edição era que as grandes fundações (Previ, Petros e Funcef) ainda ameaçavam se desligar da entidade caso não conseguissem uma posição na vice-presidência da entidade, cuja chapa estava sendo montada com José Ribeiro Pena Neto, diretor de seguridade da Forluz, na presidência.

O nome de Ribeiro, como é mais conhecido, foi a saída encontrada pelo grupo de Fernando Pimentel, presidente da Fundação Atlântico, ao ter seu nome vetado por Previ, Petros e Funcef. Elas avisaram que não aceitariam Pimentel na presidência da entidade, e ao perderem a votação que mudava os critérios da eleição (queriam que o voto das maiores fundações tivesse um peso eleitoral maior que o das pequenas) e elegeria Pimentel com o voto das pequenas, anunciaram o desligamento da entidade.
Primeiro foi a Petros, logo a seguir secundada por Funcef e Petros. Foi um choque para Pimentel. Pela segunda vez ele tinha a entidade praticamente nas mãos e, no último momento, ela escapava por entre seus dedos. Seu grupo, realisticamente, subordinando a fidelidade a um nome à unidade da entidade, pediu que retirasse seu nome da disputa. O nome escolhido para encabeçar a chapa foi o de Ribeiro, vice-presidente da atual diretoria.
Além de retirar o nome de Pimentel da disputa, o grupo da situação procurou as grandes e pediu que voltassem à entidade e ao processo eleitoral. Ofereceram, como prova de amizade, a presidência do Conselho Deliberativo. As grandes, entretanto, queriam mais. Além de mudanças programáticas, elas pediram a vice-presidência executiva. Até o fechamento desta edição, a situação discutia se entregava esse cargo ou permitiria o afastamento definitivo das grandes, caso em que a renúncia de Pimentel teria sido em vão. Veja, abaixo, a cronologia dos fatos:
1 – No início de outubro a Petros apresentou uma carta formal de desligamento da Abrapp, enquanto Funcef e Previ avisaram que fariam o mesmo caso não houvesse mudança no cenário eleitoral. Fernando Pimentel, principal nome na disputa até então, concordou em retirar sua candidatura, dando lugar à candidatura de Ribeiro.
2) O nome de Ribeiro era defendido por um grupo de fundações já no último Congresso dos Fundos de Pensão, em Florianópolis, avaliando que ele teria melhores condições de manter a unidade da Abrapp.
3) Com o afastamento de Pimentel e a candidatura de Ribeiro, os grandes fundos de pensão voltaram a negociar com o grupo. “Estamos realizando um esforço para que as grandes fundações continuem na Abrapp e para que participem do processo eleitoral. Não há motivos fortes para sair”, disse Ribeiro à Investidor Institucional. Segundo ele, o desligamento dos grandes fundos de pensão prejudicaria os dois lados.
4) A soma do patrimônio das três maiores fundações, R$ 278 bilhões, corresponde a cerca de 42% de todo o sistema de previdência fechada – R$ 629 bilhões, segundo dados da Abrapp, referentes a junho de 2013. Mas, além da força econômica, elas também conferem peso político, contribuição associativa proporcional ao seu tamanho e capacidade para coordenar temas e comissões da área de investimento como nenhuma outra. Sua saída resultaria em menos recursos para a entidade e menor respaldo nos debates políticos/regulatórios com os órgãos reguladores e governos.
5) As grandes fundações, entretanto, também não tinham interesse em sair, pois pelo menos momentaneamente ficariam sem um canal de representação para falar com órgãos reguladores e governos, além de perderem a comunicação junto aos demais fundos de pensão. Um novo âmbito teria que ser construído, e isso levaria tempo.
6) A primeira rodada de negociações não conseguiu a volta das grandes. O grupo de Ribeiro tentou contentá-las oferecendo a presidência do Conselho Deliberativo, que foi recusado. “Não é suficiente a representação no conselho, que é uma instância da Abrapp que está enfraquecida e não tem peso político”, explicou explicou Geraldo Aparecido da Silva, secretário-geral da Funcef.
7) Previ, Petros e Funcef continuaram insistindo na vice-presidência executiva. “Não adianta mudar os nomes se a direção da entidade continua em bloco nas mãos do grupo dominante”, afirmou Aparecido da Silva. Até o fechamento desta edição, as negociações prosseguiam.