Edição 267
Entre as mudanças nas políticas de investimento para 2015, uma iniciativa em comum entre alguns fundos de pensão é a abertura de uma carteira de empréstimo aos participantes dos planos de benefícios. E mesmo as que já têm uma carteira de empréstimo trabalham para aumentar a adesão dos participantes, já que a operação garante a rentabilidade para o plano, e ao mesmo tempo oferece taxas de juros que não são encontradas no mercado.
A entidade multipatrocinada Fundo Paraná foi uma das casas que incluiu na política de 2015 um limite de até 10% para começar a fazer o empréstimo aos participantes. “Sentimos a necessidade de abrir a carteira de empréstimo para fomentar o plano patrocinado”, diz Thiago Niewglowski, diretor administrativo e financeiro do Fundo Paraná, que reúne planos multipatrocinados do grupo J. Malucelli com cerca de 30 patrocinadoras. A entidade conta também com três planos instituídos, que mais à frente também poderão ter uma carteira de empréstimo, mas em um primeiro momento o foco será nos planos multipatrocinados. “Nossa expectativa é que ainda no primeiro trimestre já possamos começar”, pontua o diretor. Elaboração do regulamento, e questões operacionais faltam ser finalizadas.
Para abrir espaço para a carteira de empréstimos, o Fundo Paraná reduziu de 50% para 40% sua exposição em renda variável. “Não vamos desinvestir nenhum centavo da renda variável para não realizar prejuízo, mas as novas contribuições que entrarem vamos usar para comprar renda fixa”, fala Niewglowski.
O fundo de pensão SarahPrev, patrocinado pela Rede Sarah (hospitais), foi outra entidade que optou dar inicio em 2015 a uma carteira de empréstimo, por uma própria demanda que vinha dos participantes do plano, diz Juliano Sartório, diretor financeiro da entidade. O limite para a carteira será de até 8%. “Talvez não consigamos atingir 8% em 2015, vai depender de que mês começa, deve ser abril ou maio”, fala o diretor financeiro. Assim como no Fundo Paraná, questões operacionais e de adequação do sistema ainda precisam ser finalizadas para que a SarahPrev possa começar o empréstimo.
Incentivo – Na EmbraerPrev, o empréstimo aos participantes foi instituído há dois anos, mas o percentual preenchido até o momento ainda está na casa de 1%, e a intenção da entidade é elevar esse percentual para 3% nos próximos meses. “Colocamos o empréstimo como um benefício do plano. A taxa do consignado é de 1.08% ao mês, condição que o participante não vai encontrar no mercado”, pondera Eléu Baccon, diretor superintendente e de seguridade do fundo de pensão dos funcionários da Embraer.
De fato, pelos dados do Banco Central (BC), entre as grandes instituições financeiras, na mesma modalidade de empréstimo, a menor taxa cobrada é quase o dobro da oferecida pela EmbraerPrev aos seus participantes – de 2,10% ao mês, pelo HSBC. Na Caixa, a taxa é de 2,24% ao mês, e de 2,40% no Banco do Brasil.
“Como as entidades são empresas sem fins lucrativos, oferecemos taxas em condições exclusivas aos participantes”, pontua Baccon. “Trabalhamos isso como um benefício adicional para atrair os empregados que não participam do plano”. Como o empréstimo é descontado na folha de pagamento, destaca o executivo, a rentabilidade do plano com essa operação é garantida para a entidade.
“Tudo o que a gente captura com os ganhos do empréstimo são revertidos como rentabilidade do plano, então todos ganham, já que o participante paga uma taxa menor, e o resultado volta como rentabilidade no plano, por isso temos a intenção de expandir a carteira”. O diretor ressalta que a medida não busca estimular o endividamento do participante, mas, “à medida que ele tenha interesse em pegar um empréstimo, porque não conosco?”, questiona Baccon.