Edição 274
Em um movimento focado na diversificação dos investimentos, a OABPrev-SP selecionou dez gestores para realizarem a gestão de seu patrimônio, que hoje está em quase R$ 400 milhões. São eles Vinci Partners, BTG Pactual, Brasil Plural, BNP Paribas, Santander, Credit Suisse Hedging-Griffo (CSHG), Mongeral Aegon, Sulamérica, JGP Gestão de Recursos, Kondor Invest e J. Safra. A Icatu Vanguarda, que até então era gestora exclusiva do fundo de pensão, fica com a gestão de 30% do patrimônio do fundo de pensão.
De acordo com presidente da entidade, Luís Ricardo Marcondes Martins, com o fim do contrato de exclusividade com a Icatu, vencido no final de 2014, e com a maior escala do fundo de pensão em termos de patrimônio, a diretoria e o conselho deliberativo concordaram que era o momento de diversificar a gestão. “Até pelo valor do patrimônio que a entidade alcançou, entendemos que era o momento de diversificar e buscar maior rentabilidade dentro das especialidades que cada gestor tem”, diz Marcondes.
O processo de seleção de gestores visou elencar as especialidades e credibilidade, transparência, conhecimento no mercado e alto desempenho, segundo Marcondes. O executivo diz ainda que a partir de agora, o trabalho da entidade será monitorar, nos próximos 12 meses, o desempenho de cada gestor, para depois pensar em uma possível ampliação de fundos.
A OABPrev-SP aplica 80% do patrimônio em renda fixa, 12% em renda variável e cerca de 8% em multimercados estruturados. “Vamos começar processo de avaliação. Não podemos pensar no curto prazo, temos que dar um tempo para eles trabalharem e no final de 12 meses pelo menos, vamos reavaliar a carteira”, diz Marcondes.
Estratégias – Para selecionar os gestores, em um processo que durou três meses, a OABPrev-SP contou com a consultoria da Aditus. Segundo o consultor Nathan Batista, que ficou à frente do processo, a Aditus estudou as classes de ativos que estavam na revisão de estrutura de investimentos da OABPrev-SP e, a partir disso, fez uma avaliação de otimização de carteira do fundo de pensão. “Olhamos para os instrumentos já existentes e incluímos multimercado estruturado, que até então não existia na fundação”, diz Batista.
Em renda variável, foi dado um olhar para estratégias mais ativas complementares, com foco em busca de retorno absoluto. “Procuramos observar o histórico não só quantitativo, mas também o qualitativo dos gestores, para montar uma carteira de renda variável com estratégias complementares”, explica o consultor.
Com base nisso, a Icatu Vanguarda manteve parte de renda variável, com foco em dividendos. A Vinci Partners também fará a gestão das estratégias de dividendos do fundo de pensão. Já o BTG Pactual e o Brasil Plural ficam responsáveis pelo mandato ativo de renda variável, com fundos que possuem a prerrogativa de buscar um descolamento para bater o retorno acima do benchmark.
Em multimercado estruturado estão o J. Safra, o Brasil Plural, a Kondor e a JGP Gestão de Recursos. Já em renda fixa, além da Icatu Vanguarda, foram escolhidas a Sulamérica, o Santander, o BNP Paribas, a Mongeral Aegon e o CSHG. Destas assets, Icatu, Sulamérica e Mongeral ficaram com a estratégia de liquidez, enquanto o BNP Paribas e o Santander com juros real e, finalmente, o CSHG ficou com crédito privado de baixo risco.
“Todos os fundos multimercado e de bolsa são fundos abertos, sendo que migramos os recursos já existentes da OABPrev-SP para os fundos das respectivas gestoras. Já uma parcela dos fundos de renda fixa é exclusiva”, diz Batista. “Escolhemos para fundos exclusivos mandatos que precisam ter escala e flexibilidade para reduzir ou aumentar bastante a carteira, como os de liquidez, e crédito privado, que precisa impor a política de baixo risco”, salienta.
Gestores – Um dos responsáveis pela estratégia de juros real do fundo de pensão, o BNP Paribas foi o fundo escolhido pela OABPrev-SP para alocação em um de seus fundos de inflação com gestão ativa. O BNP Paribas FI Inflação “é um fundo aberto, direcionado para esse tipo de investidor, com uma estratégia que existe desde 2002”, diz Eduardo Loverro, responsável pela área comercial da BNP Paribas Asset Management. O fundo possui R$ 170 milhões em patrimônio.
“Seu diferencial é a estratégia com objetivo de preservar o investimento do fundo de pensão, que tem o seu passivo também em inflação. A remuneração deve ser acima da inflação, então a rentabilidade do fundo é composta pela inflação mais o cupom de juros que é pago pelas NTN-Bs”, salienta Loverro. O executivo diz que o fundo possui gestão ativa.
O fundo tem acumulado, em 24 meses, rentabilidade de 14,5%. “Importante ressaltar que ele é marcado a mercado. Como estamos em um momento de alta de taxa de juros, temos um efeito negativo. Ele tende a ter rentabilidade positivas, acima do CDI, mas marcação a mercado reflete na cota e gera impacto conforme a volatilidade da curva de juros aumenta. O momento de investimento é importante, pois pega o carrego da inflação e quando isso cair, os investidores terão capitalização da taxa de juros”, diz Loverro.
Com a estratégia de dividendos, a Vinci Partners fará a gestão dos recursos da OABPrev-SP dentro de seu fundo Vinci Gás Dividendos FIA. O fundo, que começou em 2010, registrou rentabilidade acumulada de 448,58% até julho deste ano. “Esse tipo de ativo tem algumas características interessantes para investidor institucional, como menor volatilidade”, diz Marcelo Rabbat, sócio da Vinci Partners.
“Empresas que pagam dividendos têm um efeito de caixa no final do período. O caixa tem volatilidade zero. Os fundos genuinamente de dividendos tem uma volatilidade de um terço em relação ao Ibovespa”, salienta Marcelo Rabbat.
Outra questão importante, destaca o executivo, é a capacidade das empresas em repassar preços. “Empresas de energia elétrica, por exemplo, têm presença em mercado o suficiente para poder fazer repasse da tarifa. Isso caracteriza esse tipo de classe de ativo”.
Rabbat explica que as empresas que fazem parte de uma carteira genuína de dividendos são muito maduras, então se a bolsa der um repique grande, o fundo não acompanha. “Por outro lado se ela corrige ou cai muito, o fundo cai menos, pois a volatilidade é menor”, complementa.
OABPrev-MG se beneficia de investimentos no exterior
O fundo de pensão da OAB de Minas Gerais – OABPrev-MG, registrou rentabilidade de 9,28% entre janeiro e julho deste ano, pouco abaixo do índice de referência, calculado em 9,91%. Os fundos de investimento no exterior do fundo de pensão tiveram destaque de rentabilidade no período. O CSHG Global Equities obteve rentabilidade de 34,34% nos sete primeiros meses do ano, enquanto o Mongeral Aegon Multimercado Investimento no Exterior ficou em 36,47%. No mês de julho, o segmento gerou 12,36% de rentabilidade para o fundo de pensão.
“Fomos uns dos primeiros a investir nesses fundos, dois anos atrás”, diz Guilherme Vilela de Paula, diretor de investimentos da fundação. “Nosso raciocínio é que eles vêm registrando um desempenho muito grande influenciado pelo câmbio. Essa é uma preocupação nossa em relação ao momento de se realizar esses ganhos”, salienta. O fundo de pensão aplica todo o limite permitido em sua política de investimentos para fundos no exterior, que atualmente são 3% do patrimônio.
A OABPrev-MG registrou um crescimento patrimonial de mais de 25% em comparação ao ano passado, chegando a R$ 100 milhões. “Nossa expectativa é exceder isso. Entendemos que nossa entidade tem muito ainda para desenvolver, pois temos 5 mil participantes em Minas Gerais, em um universo de 90 mil advogados, sem contar as pessoas vinculadas que poderiam integrar o plano”, diz Vilela.