Edição 288
Enquanto a maioria dos fundos de pensão reduziam a exposição à renda variável ao longo do ano passado e de 2016, a Prev Dow tomou uma decisão diferente. Com patrimônio de R$ 1,7 bilhão, o fundo da Dow, empresa do setor químido, apostou na manutenção das posições em Bolsa doméstica, mesmo com o fraco desempenho alcançado nesta modalidade nos últimos dois anos. No final do ano passado, o fundo mantinha cerca de 12% do patrimônio alocado em renda variável e não quis sair da posição. O resultado é que a carteira pegou carona na recuperação da bolsa doméstica em 2016 e alavancou o retorno global da entidade.
A rentabilidade do fundo atingiu 20,46% até o final de outubro deste ano. Muito superior aos 8,73% obtidos no ano passado. “A boa rentabilidade alcançada neste ano foi alavancada em grande parte pela renda variável, principalmente com uma estratégia passiva que foi beneficiada pela forte alta de Petrobras e Vale”, diz Antônio Pinheiro Neto, diretor de planejamento estratégico da Dow América Latina, diretor e AETQ da Prev Dow. A carteira de renda variável teve retorno de 41,56% até outubro.
O fundo tem atualmente cerca de 50% do patrimônio alocado em ativos de renda fixa indexada à inflação; outros 15% estão alocados em renda variável doméstica e exterior e 35%, em fundos de renda fixa pré-fixados. “Além do bom desempenho da renda variável, outro fator positivo foi o retorno dos fundos de títulos públicos, que se beneficiaram com o fechamento das curvas de juros”, diz Neto. Considerando apenas a carteira de renda fixa indexada à inflação, o retorno foi de 26,72%. Em novembro, o mercado deu uma pequena virada após a eleição de Donald Trump, e a Prev Dow perdeu 0,90%. Mas mesmo assim, com a estabilização dos mercados em dezembro, o fundo espera fechar o ano acima dos 20% de rentabilidade. “Após a eleição de Trump, o mercado estressou novamente, agravado pela continuidade da operação Lava Jato no Brasil. Mas acreditamos que o resultado do ano será muito positivo”, diz o diretor.
Duration dos planos – Com 96% dos recursos alocados em um plano de contribuição definida (CD) e apenas 4% em planos de benefício definido (BD), a Prev Dow tem uma posição confortável em termos de duration. Os planos BD, que foram herdados de aquisições de outras empresas pelo grupo, têm duration entre 12 e 14 anos. Já o plano CD também tem duration elevada e, por isso, foi possível manter a calma para não tomar decisões com o olhar no curto prazo.“Mantivemos o olhar na estratégia pré-estabelecida de longo prazo. Fizemos uma análise de duration e decidimos permanecer em nossas posições. Como contamos com uma duration longa dos planos, não precisamos tomar atitude de curtíssimo prazo”, explica Pinheiro Neto. Ele reforça que o principal mérito do comitê de investimentos e da direção do fundo, que conta com consultoria da Aditus, foi a de manter a exposição em renda variável. O executivo conta que não foi uma decisão fácil por conta da pressão dos participantes. Era comum receber reclamações de participantes inconformados com o fraco resultado das carteiras de anos anteriores.
A Prev Dow possui atualmente três fundos de renda variável doméstica, um com a Itaú Asset e outros dois com a Bram. A entidade mantém outros dois fundos no exterior, com a BlackRock e com a Nordea.
Aumento do exterior – A política de investimentos para 2017 não deve sofrer grandes alterações, com exceção da exposição aos investimentos no exterior. “A principal mudança que aprovamos para o próximo ano foi o aumento do limite para os fundos no exterior”, diz Pinheiro Neto. O atual limite que vai até 4% subiu 8%. Desta forma, o fundo pode selecionar novos fundos no exterior para aumentar a alocação no mercado internacional.
A Prev Dow já havia pré-selecionado oito fundos no exterior, dos quais dois deles receberam aplicações. “Agora vamos avaliar se aumentamos a alocação nos fundos que já estamos investindo ou aplicamos em algum outro fundo no exterior”, explica o diretor do fundo. Os gestores das demais classes de ativos, por enquanto, serão mantidos, mas o fundo de pensão pretende realizar uma reavaliação de desempenho dos fundos exclusivos e dos fundos de fundos durante o ano.