Direção da Embratel feliz com a Telmex | Para vice-presidente da ...

Edição 145

A decisão da corte de falência e concordatas de Nova York, de concordar com a venda da Embratel para a mexicana Telmex, corroborou o que esperava não só o mercado mas também a própria direção da empresa. Desde o início das negociações, tanto a direção da Embratel quanto a sua controladora, a MCI, deram sinais claros de que preferiam que a Telmex ficasse com o controle da companhia brasileira. O motivo é simples: se o outro concorrente no páreo – o consórcio brasileiro Calais, formado por Telefonica, Telemar e Brasil Telecom – levasse, eram grandes as chances de que os órgãos brasileiros que fiscalizam a livre concorrência vetassem o negócio.
“Se a corte americana permitisse a venda da Embratel ao Calais, tenho certeza que a operação não seria aprovada no Brasil, pelo Cade e nem pela Anatel”, afirma a vice-presidente da Embratel, Purificación Carpinteyro. Segundo ela, a compra da Embratel pelas três maiores empresas de telefonia do País apenas agravaria uma situação de cartel que, claramente, já existe no setor de telecomunicação brasileiro. E, na esteira das acusações feitas pelo jornal Folha de São Paulo, de que as três teles estariam interessadas na compra da Embratel apenas com o objetivo de colocar uma pá de cal na concorrência, nivelando os preços pelo teto, a executiva faz uma revelação importante: “Nas propostas de prestação de alguns serviços que a Embratel compra dessas teles, os preços que elas apresentam são rigorosamente os mesmos”, diz.
Segundo ela, além de representar o fim da concorrência, a compra da Embratel pelo Calais prejudicaria inclusive os acionistas minoritários, já que a empresa teria que ser dividida em cinco para o negócio ser aprovado pelos órgãos competentes. “As ações de uma empresa esquartejada nunca valeriam o que os papéis da Embratel valem hoje no mercado”, afirma.
Tal afirmação serve como resposta a alguns minoritários da Embratel que, publicamente, defenderam a venda da companhia ao consórcio Calais. O próprio presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, chegou a dizer que, na condição de acionista minoritário da empresa de telefonia, o Banco preferia que a companhia fosse vendida pela melhor proposta econômica que, no caso, era do Calais.
No início das negociações, o consórcio ofereceu US$ 550 milhões pelo controle, com garantia de pagar US$ 360 milhões, se os órgãos brasileiros vetassem o negócio. A oferta da Telmex era de apenas US$ 360 milhões. No final, o Calais estava oferecendo os mesmos US$ 550 milhões, mas com garantia de US$ 470 milhões, contra US$ 400 milhões da empresa mexicana.
No primeiro momento, a Telos (fundo de pensão dos funcionários da Embratel) também estava no páreo para comprar sua própria patrocinadora. A fundação chegou a apresentar uma proposta, no valor de US$ 205 milhões, mas a disputa acabou ficando mesmo entre a Telmex e o Calais.