Em agosto do ano passado, quando soube que o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG)estava instalando uma aceleradora de startups do mercado financeiro em sua sede, em Belo Horizonte, a Desban sugeriu que o espaço fosse aberto também a projetos voltados à inovações na área de previdência. A proposta do fundo de pensão do BDMG foi bem recebida pelo banco, e em seguida dois outros fundos de pensão, a Previnorte e a Valia, passaram a apoiar a iniciativa.
A aceleradora de startups do BDMG, batizada como Hubble, conta com a supervisão da LM Ventures, representante local da argentina NXTP.Labs, que já participou de cerca de 400 empreendimentos do gênero na América Latina. Originalmente direcionada ao desenvolvimento de fintechs, a aceleradora passou a orientar-se também para as previtechs.“A proposta original do banco, de implementar um espaço voltado ao aperfeiçoamento de startups financeiras, tinha muita sinergia com a área de previdência complementar, então tratamos de garantir espaço na empreitada”, comenta Roberto Emílio de Senna, diretor-presidente da Desban e titular da Comissão Técnica de Tecnologia da Informação da Abrapp. “O tema foi apresentado na CT da Abrapp e cinco entidades demonstraram interesse, com destaque para Valia e a Previnorte, que aderiram imediatamente ao Hubble.”
Integrante da banca selecionadora do programa, Senna assistiu a mais de cem apresentações e buscou garantir que, entre as 15 finalistas, estivessem startups capazes atender demandas e necessidades de fundos de pensão. Seu esforço resultou na escolha de pelo menos quatro fortes candidatas a fornecedoras do setor: as mineiras OQ Digital e ByeBnk, especializadas, respectivamente, em plataformas de relacionamento e carteiras digitais de ativos alternativos, a paulista Dom Rock, voltada à análise de dados não estruturados, e a Saffe, hoje com sede na Alemanha, detentora de uma tecnologia premiada de reconhecimento facial.
“Todas elas já acumulam alguma quilometragem e, também, serviços prestados para grandes clientes”, observa o diretor-presidente da Desban. “A OQ Digital pode ajudar as entidades a atrair participantes para planos familiares e setoriais instituídos por meio de um sistema, ancorado no conceito de game, capaz de criar e alimentar um boca a boca virtual. Já a tecnologia da Dom Rock permite, por meio do rastreamento de e-mails e gravações de call centers, análises apuradas a respeito da avaliação do público aos serviços prestados por qualquer empresa.”
A meta estabelecida em relação ao quarteto e também para os outros negócios instalados no Hubble do BDMG é que pelo menos uma solução sob medida para EFPCs seja testada e validada até dezembro. O padrão tende a subir para três inovações em 2020 e a ganhar escala com a renovação, a cada nove meses, do time de startups participantes do projeto, cuja ampliação está em estudos. “Tão logo surjam as primeiras novidades, a ideia é ofertá-las às fundações de previdência por intermédio da Conecta Soluções Associativas, da Abrapp. Tal opção garantirá ganhos de escala e tecnologias a preços mais atraentes para as entidades”, observa Senna.
A intenção da Desban e de seu diretor-presidente, assim que o Hubble de Belo Horizonte se consolidar, é estimular o surgimento de novos polos de inovação com formatos e propostas semelhantes em outras cidades e regiões do País. Nessa tarefa, eles contarão com a ajuda da Previnorte, que coordena a divisão Centro-Norte da CT de Tecnologia da Informação e já convidou os 15 fundos de pensão do grupo para a apresentação que as startups do Hubble farão, em breve, na sede da EFPC, em Brasília. “Para um setor conservador como o nosso, a proposta do Hubble representa algo absolutamente inovador. É um aprendizado valioso para um segmento que carece de inovação”, diz o gerente de tecnologia da informação Roberto Pereira.