O número de fundos de pensão multipatrocinados com dificuldades financeiras continuou uma trajetória ascendente ao longo de 2018 nos Estados Unidos, segundo levantamento divulgado pela consultoria Cheiron e publicado pela revista Pension & Investment.
De acordo com a pesquisa, as entidades previdenciárias multiplanos com indicativos de que poderão ficar insolventes nos próximos vinte anos cresceu de 114 planos, com US$ 36,4 bilhões sob gestão em 2017, para 121 planos com US$ 48,9 bilhões em 2018. Esses 121 planos somam ativos da ordem de US$ 40,7 bilhões, e passivos de US$ 89,6 bilhões. O estudo da Cheiron aponta também que outros 67 planos multipatrocinados já foram encerrados, mas ainda seguem solventes.
Dentre os fundos que podem vir a ter dificuldades nas próximas duas décadas, os três maiores deles respondem por US$ 31,9 bilhões do passivo total do grupo, ou cerca de 65%, e por 43,7% dos participantes.
O novo integrante deste ano entre os três multipatrocinados com a maior quantia de passivo à descoberto é o fundo de pensão dos caminhoneiros de New England, com US$ 5,1 bilhões. Lidera a lista a entidade previdenciária que aglutina as regiões central, sudeste e sudoeste do território americano, com US$ 22,9 bilhões em passivos que não encontram ativos em contrapartida.
O segundo colocado na pesquisa do ano passado, o fundo de pensão dos mineradores, com déficit de US$ 3 bilhões, caiu para o quarto lugar neste ano, atrás da fundação dos padeiros e confeiteiros, que tem passivos não financiados de US$ 3,85 bilhões.
Tempestade perfeita – Os planos de pensão e seus segurados que potencialmente enfrentarão tempos difíceis à frente sofreram, segundo especialistas, com uma combinação de perdas no mercado acionário durante o período de recessão da economia e também com o próprio declínio do sistema previdenciário nos Estados Unidos, que inclui uma queda na quantidade de participantes ativos e também de patrocinadores – que em alguns casos foram à falência, aumentando o nível de passivos não provisionados.
“Apenas no ano passado, mais 15 planos informaram aos reguladores que estão ficando insolventes”, afirma o atuário Joshua Davis, da consultoria Cheiron. Embora alguns dos planos em dificuldade possam tirar proveito do programa de redução dos benefícios, supervisionado pelo Departamento do Tesouro, a possibilidade de uma solução para a crise dos multipatrocinados por meio do Legislativo, que necessita do trabalho de um comitê bipartidário no Congresso, pode demorar mais do que o esperado, prevê Davis.
Os 121 planos que podem ficar sem recursos para pagar seus aposentados nos próximos anos fazem parte de um setor que congrega cerca de 1,4 mil fundos multipatrocinados, que são regulados e supervisionados pelo órgão federal ‘Pension Benefit Guaranty Corporation’. Desses, segundo a consultoria, grande parte está em uma situação financeira considerada saudável. Enquanto os planos potencialmente insolventes provavelmente terão de deixar o sistema, os que reúnem boas condições atualmente tendem a apresentar uma evolução à frente, assinala Davis.