Edição 125
A área de gestão de recursos da Caixa Econômica Federal vai liberalizar os limites mínimos para a constituição de carteiras administradas por parte dos regimes próprios de municípios, que passariam a ser feitas a partir de qualquer valor. Atualmente, o limite mínimo da Caixa gira em torno de R$ 10 milhões, informa a gerente nacional de investidores institucionais da asset, Heloisa Pereira de Faria.
“Queremos facilitar a criação dessas carteiras pelos institutos municipais, sem exigir um valor mínimo”, conta Heloisa. Ainda de acordo com ela, a taxa de administração para essas carteiras, que só podem aplicar em títulos públicos federais e cotas de fundos, ficará por volta de 0,4% ao ano. Essa taxa inclui a compra de títulos, precificação e custódia.
Com isso, a Caixa espera uma captação de cerca de R$ 200 milhões em novos contratos com institutos de previdência municipais, ainda este ano. Hoje, apenas dois institutos previdenciários mantém carteiras administradas com a Caixa, o de Taboão da Serra (SP) e o de Vitória (ES).
De acordo com levantamento realizado pela Caixa, o mercado de previdência pública tem R$ 50 bilhões em ativos, dos quais apenas R$ 20 bilhões estão com gestores. O restante, segundo o coordenador da gerência nacional de investidores institucionais da Caixa, Carlos Rosa, está parado em contas previdenciárias e de prefeituras, e precisa ser captado de alguma forma.
“Não Compensa” – O Banco do Brasil estabeleceu recentemente um limite mínimo de R$ 500 mil para a constituição das carteiras administradas. Até o final de 2001 não havia valores mínimos, o que acabou resultando em distorções, como a criação de carteiras administradas de R$ 30 mil. Segundo o analista sênior da diretoria de governos do BB, Antônio Figueiredo de Sousa “não compensa criar uma carteira administrada de R$ 30 mil, por conta dos altos custos envolvidos que vão desde a criação de relatórios mensais sobre rentabilidade, controle diário de cotas de fundos e custódia. “Quando somos procurados por um instituto de pequeno porte, o aconselhamos a optar pelo INSS.”, explica Sousa.
Hoje, o BB possui R$ 470 milhões em gestão de recursos de 146 carteiras do segmento público. E, segundo Sousa, a meta é chegar a 400 dentro de um ano. A taxa de administração média cobrada pelo BB, avaliando os diferentes portes de institutos, é de 0,5% ao ano, mais uma taxa de performance caso a rentabilidade supere o benchmark.
A decisão da Caixa em diminuir o valor do aporte mínimo é visto pelo consultor Everaldo França, da consultoria PPS, como forma de enfrentar a concorrência. E, apesar do valor gerido e a taxa de administração serem pequenos, a movimentação, segundo França, parece mostrar uma decisão mais política que propriamente econômica, com o banco desempenhando o papel de parceiro de milhares de institutos de previdência públicos.
Para o atuário e diretor do Núcleo Atuarial de Previdência da UFRJ, Benedito Passos, a busca de carteiras administradas é uma característica dos institutos de ‘primeira linha’, que já estão estabilizados e têm um bom volume para aplicação. “O segundo pelotão, que perfaz quase 98% dos regimes previdenciários, ainda está resolvendo problemas básicos iniciais, e se preocupando em garantir a sobrevivência”, explica.