Edição 157
Início de ano é sempre assim. Uns gestores ganham e outros perdem com a dança das cadeiras que resulta da avaliação de desempenho do ano anterior. A SulAmérica Investimentos, por exemplo, foi uma das que se saíram bem nesse processo. No ano, ela já captou cerca de R$ 600 milhões com o vaivém do mercado: fechou a gestão e a administração dos fundos exclusivos dos fundos de pensão da Faelba e da Fabasa; ganhou, também a gestão e administração, de um dos quatro fundos multimercados da Petros; e ainda foi escolhida para ser a gestora de um dos quatro Fundos de Investimento Financeiro (FIF) que receberão recursos do novo Fundo de Aplicação em Cotas (FAC) da Caixa Econômica Federal, que será oferecido aos clientes do banco no segundo semestre.
Segundo o diretor comercial da SulAmérica Investimentos, Marcelo Mello, a gestora também fechou a gestão de outros dois fundos exclusivos de fundos de pensão – cujos nomes ele não tem autorização para abrir – e está em negociação com outros oito fundos exclusivos, além de um fundo de uma empresa de capitalização. “Temos notado que, mais do que a performance, os investidores têm buscado um bom controle de riscos. Sobretudo no caso dos fundos de pensão devido à Resolução nº 3.121, que impõe uma série de regras e limites, como a proibição de alavancagem, de day trade e outros”.
Ao fazer essa referência, Mello chama atenção especial para os fundos multimercados, que trabalham com vários ativos, como o acionário, câmbio, juros e derivativos, e, por isso mesmo, necessitam de um controle maior de riscos. No caso do multimercado da Petros, com patrimônio de R$ 100 milhões, a SulAmérica busca uma rentabilidade mínima de 108% do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI). Os outros três gestores, que também receberão R$ 100 milhões, cada, do fundo de pensão da Petrobrás são: BNP, Máxima e Pactual. Mello conta que o processo de escolha foi concorrido, envolvendo cerca de dez gestores.
O mesmo ocorreu com o fundo da Caixa Econômica, que também será um multimercado – embora ainda não se tenha definido se será um multimercado com ou sem alavancagem. O processo de seleção dos gestores durou mais de seis meses. “Primeiro, a Caixa fez uma análise de todos os gestores do mercado. Depois, ela selecionou aqueles que trabalhavam com fundos semelhantes ao que ela buscava e, então, iniciou-se uma análise de performance, seguida de due-dilligence. Vieram à SulAmérica, conheceram a estrutura e os gestores”. Também passaram por isso as outras três instituições selecionadas pela Caixa: BNP, Pactual e Votorantim.
Mello não abre as taxas de administração cobradas, mas diz que houve uma padronização das mesmas pelos gestores. O que se sabe é que se cobra no mercado, para fundos de investimentos de renda fixa, entre 0,10% e 0,30% do patrimônio, ao passo que para os fundos multimercados – que exigem uma expertise maior – essa taxa oscila entre 0,50% e 0,60%, podendo chegar a 0,80% do patrimônio do fundo, dependendo da sua política de investimentos. De acordo com o responsável pelo canal de distribuição externa da SulAmérica Investimentos, Roberto de Freitas Vidal, não há como prever a capitalização deste fundo da Caixa Econômica, apesar da capilaridade da instituição financeira, pois este será um produto diferenciado de todos os outros que ela oferece.
Cada um dos quatro gestores receberá 25% do patrimônio do FAC da Caixa, que tem perspectiva de rentabilidade líquida de 104% do CDI. Vidal diz que não há restrições de investimentos em nenhum mercado, embora não revele a estratégia de aplicação – que terá o mesmo perfil nos quatro FIFs. “Falta bater o martelo quanto aos limites de aplicações”, diz. A SulAmérica tem R$ 5,2 bilhões sob gestão, dos quais R$ 238,4 milhões estão em dez fundos abertos – sete de renda fixa e três, de renda variável –, outros R$ 4 bilhões estão alocados em 110 fundos exclusivos, e R$ 965,6 milhões em carteiras administradas.
Esses números tendem a crescer, dada a percepção de Mello de que os fundos multimercados estão cada vez mais conquistando mercado. “Há busca por esse tipo de investimento, que tem oferecido taxas superiores de rentabilidade do que em relação aos fundos de investimentos tradicionais. Temos recebido vários convites para participar de licitações de fundos multimercados”, diz. E comemora: não perdemos nenhuma carteira em 2005. Também não houve, conclui, nenhuma renegociação de taxas nos fundos já existentes.