Bond às avessas | Acusado de fraudes em consultoria de investimen...

Edição 136

Um grupo formado por mais de 20 fundos de pensão americanos recebeu aliviado, em junho, a notícia que serão restituídos das perdas causadas pelo gestor de recursos aposentado Alan Bond, condenado em 2002 por fraude em consultoria de investimentos. Somando mais de US$ 12,4 milhões, os recursos que agora seguem para a conta dos fundos foram utilizados indistintamente por Bond, presidente aposentado e diretor de investimentos da Albriond Capital Management, que selecionava os títulos de valores mobiliários mais rentáveis para sua conta pessoal e direcionava os piores para as contas dos clientes. Bond é acusado, em um segundo caso, de envolvimento em um plano de suborno multi-milionário com as corretoras de seus clientes institucionais.
Em fevereiro de 2003, o juiz Leonard Sand, de Nova Iorque, sentenciou Bond a doze anos e sete meses de prisão pelos crimes de fraudes na consultoria de investimento. E, no mesmo mês, Sand também condenou o gestor a restituir US$ 6,6 milhões a três fundos de pensão fraudados pelo grupo de Bond com as corretoras, baseado em recomendações de promotores públicos. Bond está cumprindo sua sentença na prisão novaiorquina de Fort Dix.
Em maio passado, o mesmo juiz condenou Bond a desembolsar um total de US$ 5,8 milhões em restituição às vítimas do esquema que beneficiou as corretoras e o próprio gestor, obrigado a pagar montantes específicos a cada cliente aposentado.

Corretoras envolvidas – O fundo de pensão da Washington Metropolitan Area Transit Authority (WMATA), que soma US$ 3,4 bilhões em patrimônio, conseguiu a maior restituição de recursos entre os atingidos na fraude com as corretoras, recebendo sozinho US$ 3,06 milhões. Já o Maryland State Retirement and Pension System foi recompensado com US$ 2,9 milhões, podendo receber outros US$ 500 mil em distribuições futuras, por seus participantes terem perdido a maior soma de recursos no caso da seleção de papéis, segundo documentos do escritório de promotores dos EUA. “Estamos satisfeitos por termos recuperado a maior parte de nossas perdas, para o benefício de nossos participantes”, desabafou o porta-voz do fundo de Maryland, Joe Coale.
No primeiro caso de fraude, Bond foi considerado culpado por entrar em um esquema que prejudicou 25 vítimas, 21 das quais eram investidores institucionais no período de setembro de 1994 a abril de 1996. Ele direcionou negociações de valores mobiliários de interesse de seus clientes para três corretoras novaiorquinas pré-determinadas: a Value Investing Partners Inc., a Lintz Glover White&Co. e Brenner Securities. De acordo com a ação judicial, Bond planejou um acordo pelo qual seus clientes institucionais pagavam comissões excessivas por negócios executados pelas corretoras que, por sua vez, repassaram um total de US$ 5,8 milhões para Bond.
O governo tentou usar o ganho para calcular a perda para as vítimas do plano, mas notou que era impossível determinar o valor exato das perdas. Brenner suspendeu as operações antes da investigação começar, impossibilitando a justiça encontrar os registros das operações. Apesar disso, os procuradores decidiram que as perdas poderiam ser avaliadas se cada vítima tivesse determinando um percentual da perda mensurada com o volume do total de comissões pagas às corretoras. Como resultado, o fundo WMATA recebeu a maior quantia, seguido pelo Ohio Police & Fire Pension Fund, que recebeu US$ 243,6 mil e pelo New Haven Police & Firemen’s Pension Fund, beneficiado com US$ 92,8 mil.
“Aceitamos a restituição e damos boas-vindas a qualquer dinheiro que restitua nossas perdas.”, afirmou o diretor executivo do fundo Ohio Police&Fire, William Estabrook.
Os promotores decidiram, ainda, pela criação de uma conta que receberá US$ 2,3 milhões, os quais serão repartidos com outros 20 investidores.