BB Infra-estrutura do Nordeste inicia operações | Private equity...

Edição 102

Depois de quase quatro anos de sua criação, o fundo de private equity BB Infraestrutura do Nordeste, administrado pela BB DTVM e criado por fundos de pensão do Nordeste para investir em projetos de infra-estrutura, acaba de fazer o seu primeiro investimento. O fundo adquiriu, em junho passado, 25% do capital total da PetroBahia, empresa distribuidora de combustível com faturamento de R$ 70 milhões. Além disso, está analisando mais três projetos, dos quais dois estão em fase final de avaliação e devem ser fechados nos próximos dias.
O fundo BB Infra-estrutura do Nordeste possui sete cotistas, dos quais seis são fundos de pensão e o último é a própria asset do Banco do Brasil, a administradora do fundo. As fundações que aportaram recursos no fundo foram a Faelba, Fasern, Fachesf, Faelce, Faceal e Previ. Foi criado para ter patrimônio de R$ 50 milhões, montante que deve alcançar até o final de 2002. Atualmente o seu patrimônio é de R$ 11 milhões.
A escolha da Petrobahia como um dos investimentos do private se deve à percepção de que a empresa atuava em um nicho negligenciado pelas grandes distribuidoras e que acabou por se mostrar rentável, com a venda de combustível a postos que consumiam abaixo de 150 mil litros por mês. Além disso, a empresa possuía uma estrutura enxuta e bem administrada.
Segundo a gerente da BB DTVM, Teresa Coelho Gomes, a PetroBahia começou a atuar como distribuidora de combustível após a abertura do mercado, em 1996. Ao contrário de muitas pequenas empresas do setor, que cresceram através da sonegação do ICMS, a Petrobahia estava em dia com o fisco. “Sua estrutura enxuta e a descoberta da exploração de um segmento rentável faz da empresa um alvo interessante para investimentos”, diz Teresa Gomes.
Segundo ela, a demora em viabilizar o primeiro investimento do fundo foi ocasionada pela dificuldade em encontrar projetos viáveis de infra-estrutura, que oferecem taxas de retorno satisfatórias, dentro do prazo esperado. Desde que assumiu o comando do fundo, em março do ano passado, a BB DTVM analisou cerca de 100 projetos. Só neste ano foram analisados 48 oportunidades de negócios, para ser concretizado apenas um investimento.
Mas essa dificuldade não é uma peculiaridade dos fundos de private equity brasileiros. De acordo com uma pesquisa mundial feita pela PriceWaterhouseCoopers, de cada 100 projetos analisados apenas 25% são aprofundados e entram em processo de due-diligence, dos quais apenas uma pequena parcela são viabilizados, revela a gerente da BB DTVM.
Outro empecilho que atravancou o funcionamento do private nos últimos anos foi a troca de administrador. O private equity era administrado inicialmente pela asset do banco FonteCindam e recebeu seu primeiro aporte em novembro de 1997, conta Cássio Valério Medeiros, diretor financeiro da Fasern, fundação da Cosern que é um dos cotistas do fundo. Com a quebra do FonteCindam, os recursos do fundo passaram a ser administrados pela BB DTVM, em meados de 1999. Mas foi somente a partir de março do ano passado que as negociações para as captações de recursos para o fundo ficaram mais intensas, conta a gerente de participações e investimentos da BB DTVM.

Prioridade para energia – O fundo BB Infra-estrutura do Nordeste vai priorizar investimentos na área de energia, mas também está avaliando projetos na área química, farmacêutica e de telecomunicações. A taxa de retorno esperada por um fundo de private equity é de cerca de 20% ao ano. Normalmente, o prazo mínimo de investimento é de cinco anos.
O fundo tem prazo de maturação de oito anos. Na data do seu vencimento, os cotistas terão a opção de vender a participação para as empresas nas quais investiram os seus recursos, como a Petrobahia, ou poderão vender suas participações acionárias para outras empresas.
O administrador do fundo tem o direito de nomear o diretor financeiro da empresa e tem dois assentos no conselho de administração da empresa. Além disso, forma um comitê de investimentos para avaliar em quais projetos destinar os seus recursos.