Edição 139
Quando o ex-diretor de gestão do Pactual, Marcelo Serfaty, viu o mapa da indústria de fundos após o processo de consolidação por que tinha passado nos últimos anos, ele não teve dúvidas de que ali havia uma oportunidade. Oportunidade para empresas de gestão especializadas em produtos mais sofisticados, voltados para investidores em busca de maiores retornos.
Ele, junto com outros seis executivos vindos de diversas empresas e de diferentes áreas do setor de investimentos, resolveram se juntar para formar a Fidúcia Asset Management, que tem como maior acionista a Rio Bravo, do ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco. Mas, apesar de ser a maior acionista, a Rio Bravo não é majoritária. “Ela tem menos de 50% das ações”, diz Serfaty sem especificar exatamente qual é essa participação. “Posso dizer que o controle está com a gente, os sete sócios executivos”.
Desde que surgiu, há 1 ano, a Fidúcia vem ganhando rapidamente espaço no mercado de produtos diferenciados. Ela atua hoje, basicamente, com quatro linhas de produtos: um hedge fund de juros e câmbio, que em 10 meses de funcionamento já ostenta um patrimônio de R$ 160 milhões; um hedge fund de arbitragem de ações, com captação de R$ 20 milhões em 6 meses; Facs que investem em fundos de terceiros (é proibido investir em fundos da própria Fidúcia), que já somam R$ 60 milhões; e um fundo de recebíveis que está terminando de ser lançado, com o objetivo de captar R$ 100 milhões (ver quadro na página
ao lado).
“Estamos crescendo rápido”, diz Serfaty. Voltada inicialmente para investidores private e family offices, a Fidúcia está começando agora a modelar produtos para os clientes institucionais. É o caso desse fundo de recebíveis, o primeiro voltado aos fundos de pensão. “Temos conhecimento dessa área, sabemos das suas necessidades e podemos formatar produtos com a cara deles”, diz Serfaty. “É o que estamos começando a fazer”.
Recebíveis de três tipos de mercados
A Fidúcia Asset Management está lançando neste mês de outubro um fundo de recebíveis que aposta em três tipos de ativos: imobiliários, agrícolas e papéis de empresas privadas. Segundo o diretor da empresa, Marcelo Serfaty, dos R$ 100 milhões previstos de captação cerca de R$ 25 milhões já estão compromissados por family offices e fundos de pensão.
O Fidúcia High Yield terá 50% dos recursos aplicados em direitos de produtos imobiliários, já concluídos ou com seguro de performance, originados em grande parte pela Rio Bravo. A idéia é que sejam produtos com 1 a 4 anos de duração e com retorno indexado a IGPM, além de uma colateralidade de 25%. A expectativa é que esse tipo de direito proporcione retorno de IGPM+15%. Além disso, terá 30% em securitização de produtos agrícolas, basicamente soja, mas com a possibilidade de avançar um pouco nos mercados de café e boi gordo. Inicialmente, a preferência recairá sobre as Cédulas de Produtores Rurais (CPR financeiras), com papeis de 1 ano e colaterização de 100%. Por último, terá até 20% aplicado em papéis de empresas privadas (debêntures e commercial papers), com ênfase na liquidez.
Uma novidade do fundo será a forma pela qual esses três diferentes tipos de ativos serão operados. A idéia é que eles estejam constantemente sob o crivo de uma espécie de mesa, encarregada de arbitrar os seus indexadores, via swapp, até os limites permitidos pela legislação dos fundos de pensão, que é de 1 vez o patrimônio.
O desenho do novo fundo foi concebido para casar o longo prazo com o curto prazo. Assim, embora tenha recebíveis imobiliários mais longos (de até 4 anos), terá também recebíveis de 1 ano (CPRs financeiras) e papéis de debêntures de curto prazo. Com maturação de quatro anos, o High Yield permitirá ao aplicador resgatar 25% das cotas anualmente.
As decisões de investimento, assim como a fiscalização do fundo, serão feitas através de um comitê que terá 1 representante da Rio Bravo (originadora de operações), 2 da Fidúcia (administradora e gestora do fundo), 3 dos maiores investidores e 1 independente (Marcelo Rabbat). Cada representante terá direito a um voto e as decisões serão tomadas por maioria simples, explica Serfaty.
Ainda de acordo com ele, o High Yield começa seu road show em outubro, apresentando um rating AA dado pela Lopes Filho. A cota mínima será de R$ 10 mil e a expectativa de retorno é de CDI + 3% ao ano, o que é a mesma coisa que IGPM+15%, explica Serfaty. A custódia será feita pelo Itaú.