Ano ruim, mas nem tanto | Fundação Valia alcança rentabilidade de...

Edição 278

 

A Valia fechou o ano passado com retorno de 11,37% na sua carteira de investimentos, um resultado que a deixou mais de cinco pontos percentuais atrás de sua meta atuarial, que foi de 16,56% em 2015. O desempenho abaixo da meta, obviamente, não foi comemorado, mas não foi de todo negativo, pois ficou acima da inflação (IPCA de 10,67%) e bem acima da média do sistema. Segundo a Abrapp, as carteiras dos fundos de pensão devem fechar 2015 com retorno médio de 7,5%.
Não fossem os desempenhos negativos do segmento de estruturados, com rentabilidade de -35,07% ao ano, e da renda variável, com -9,18%, o resultado da fundação teria sido bem próximo da meta em 2015. A carteira de renda fixa a Valia alcançou retorno de 16,74%, enquanto as aplicações no exterior bateram em 51,04%.
De acordo com o diretor de investimentos da fundação, Mauricio Wanderley, 2016 será novamente um ano desafiador para o mercado, o que faz com que as políticas de investimento para este ano permaneçam conservadoras. “Vamos permanecer com nível de renda variável mais baixo, entre nossos menores patamares históricos, e um volume maior aplicado em renda fixa”, diz Wanderley.
O executivo destaca que o ano será complicado para os fundos que têm carteiras diversificadas, devido à expectativa de inflação ainda em patamar elevado e os ativos de longo prazo sofrendo com impactos decorrentes do atual cenário macroeconômico. “Não tem como ficar imune ao que está acontecendo na economia. As classes de ativos de risco naturalmente sofrem, e o que contrapõe é a renda fixa, que está elevada. Mas os fundos de pensão são de longo prazo. Conseguimos aproveitar em partes a renda fixa, mas não podemos vender toda a carteira de risco”, salienta
Wanderley diz que as vantagens da renda fixa no cenário atual dificultam um posicionamento mais para o futuro, apostando em classes de ativos que estão com preços deteriorados e podem ter uma recuperação de valor. “Se por um lado, a renda fixa nesses níveis é imbatível para um investidor, e isso tem que ser aproveitado, por outro lado, quando o cenário melhorar, os ativos de maior risco podem render mais que esses títulos. Na hora que estamos alocando maciçamente em renda fixa, estamos determinando nosso futuro, mas no momento continuaremos acompanhando o mercado”, destaca.

Exterior – Se os investimentos no exterior tiveram excelente resultado no ano passado, não se pode prever que o mesmo aconteça em 2016. É que o efeito câmbio, que alavancou a rentabilidade de tais fundos, beneficiados pela alta do dólar ante o real, não deve se repetir neste ano. Apesar disso, a Valia pretende aumentar gradativamente a exposição em fundos no exterior, principalmente em função de uma visão de diversificação de riscos.
A fundação começou a investir no exterior no ano passado através de oito fundos de ações. A exposição foi reduzida no começo de 2016 (ver matéria na pág. 36). Atualmente, a entidade mantém exposição de 3% do plano de benefício definido proporcional. A política de investimentos prevê o limite de alocação até 10% neste plano – máximo permitido pela legislação.
O diretor acredita que o limite será alcançado em algum momento, mas que depende da evolução de cenário mundial. “Vivemos um momento conservador em qualquer ativo de risco e não só em relação ao investimento no exterior, com a turbulência causada pela China. A estratégia deve continuar defensiva”, diz Wanderley.