Edição 9
O Banco de Boston é a mais nova estrela na área de gerenciamento de
recursos de investidores institucionais
O Banco de Boston é a mais nova estrela na área de gerenciamento de
recursos de investidores institucionais. Em três anos no negócio, já
conseguiu atrair um volume US$ 350 milhões dos fundos de pensão, entre
carteiras administradas e aplicações em fundos de investimentos.
O banco partiu praticamente do zero no início de 1994. Fechou o ano com
oito clientes e R$ 27 milhões na carteira de institucionais. Em 1995,
dobrou o número de contas e o volume de recursos cresceu mais de
200%, para R$ 86 milhões. Em 1996 incorporou outras 12 fundações,
fechando o ano com 28 clientes e US$ 350 milhões administrados.
Forte na área empresarial, a estratégia do banco para se consolidar nesse
segmento foi bater à porta de seus clientes mais tradicionais: grandes
grupos nacionais e empresas multinacionais. Por isso as fundações de
empresas privadas predominam: das 28 atuais, apenas três são mantidas
por estatais.
Uma das inovações do banco foi compartilhar as decisões de investimento
com os clientes. Com base em cenários traçados pela área de
administração de recursos do banco – montados a partir da análise
fundamentalista de ações (setorial e empresarial) e análise
macroeconômica – a fundação estabelece seus limites de aplicação de
acordo com suas necessidades de enquadramento. “O resultado é um
portfólio ideal, que antes de ser executado é avaliado pelo aspecto
risco/retorno”, explica Roberto Simões Gameiro, responsável pela área de
relacionamento com investidores institucionais do Boston. “A relação
risco/retorno é nosso ponto chave”.
Relatórios – De acordo com ele, as fundações atendidas recebem
relatórios trimestrais com avaliações e projeção de cenários para a
economia, os quais despertam muito interesse nas patrocinadoras. Para o
executivo, a possibilidade de acesso a estas informações é uma poderosa
arma na negociação do banco com as fundações, podendo pesar em favor
do Boston na hora de uma eventual seleção de administrador externo.
Na briga pelos recursos dos investidores institucionais, muitos bancos
estão apelando para uma redução perigosa na taxa de
administração. “Em alguns casos, chegam a cobrar um quarto do valor
médio de mercado”, diz Gameiro. “Algumas fundações são atraídas pelo
canto de sereia e podem se arrepender”.
Para Gameiro, o Boston já trabalha com preços competitivos e compatíveis
com uma estrutura de bom atendimento. “Baixar mais, significaria
comprometer a qualidade do serviço”, diz.
A trajetória ascendente do banco nos últimos três anos deve se manter,
garante Gameiro.
Segundo ele, o banco deverá continuar surpreendendo em 1997. “Vamos
criar novos fundos, ampliando o leque dos potenciais clientes”, diz.
Gameiro entrou no Boston em fevereiro de 1995 com a missão de
consolidar a recente entrada da instituição na nova atividade de gestão de
recursos de institucionais. Antes disso, tinha montado a área de
relacionamento com fundações no BFB (Banco Francês e Brasileiro). Ele
opera com uma estrutura bastante enxuta: ele mais duas gerentes.
Enquanto cuida da aquisição de novas contas de fundações, as gerentes
de investimento Carla Dias Baptista e Fátima Teixeira de Freitas tratam da
sua manutenção. As duas eram profissionais da mesa de operações, Carla
no Chase Manhattan e Fátima no próprio Boston.
CITIBANK SUPERA r$ 1 BILHÃO
O Citibank encerrou 1996 conquistando seu primeiro bilhão na área de
administração de recursos de institucionais, mais precisamente R$ 1,01
bilhão, um crescimento de 43% sobre os R$ 706 milhões de 1995.
Ganhou 16 novos clientes, entre eles as fundações da Procter & Gamble,
Bristol Meyers, Motorola e Ericksson, totalizando 71 carteiras
administradas. Das fundações conquistadas no ano passado, 4
ingressaram no fundo multipatrocinado do Citi, o Multiprev.
Segundo Cristina Correa, diretora da área de institucionais do Citibank, o
banco usou uma estratégia agressiva para aumentar em R$ 295 milhões
sua fatia nesse mercado. “Colocamos nosso foco na gestão de recursos”,
explica. Os novos clientes – todos fundos de pensão – representaram um
ingresso de R$ 85 milhões para a área, enquanto o aumento e a
valorização do patrimônio dos outros institucionais somou mais R$ 210
milhões. O Citibank é o maior administrador de recursos de fundações de
multinacionais, com 51 carteiras.
UAM – Já a Unibanco Asset Management foi líder do mercado de gestão de
recursos de institucionais em 1996, com a conquista de 30 novos clientes
e um patrimônio que cresceu para R$ 1,94 bilhão, de R$ 1,06 bilhão do
final de 95. Entre as novas carteiras, 25 são de fundações (as outras são
de seguradoras e empresas abertas de previdência), das quais 7
multinacionais, 10 de empresas privadas nacionais e 8 de estatais. “A
tônica não foi rentabilidade a qualquer custo, e sim a relação risco-
retorno”, diz Ailton Garcia, diretor da área de institucionais da UAM.