Bancos disputam o passe dos executivos

Edição 7

As instituições financeiras estão se preparando para um período de
expansão do setor de administração de recursos de terceiros a partir de
1997

As instituições financeiras estão se preparando para um período de
expansão do setor de administração de recursos de terceiros a partir de
1997. Os bancos que já atuam no segmento reforçam suas equipes e
aqueles que estão entrando agora na disputa começam a varrer o
mercado atrás de pessoal adequado.
Os profissionais cujo currículo inclui um bom relacionamento com
investidores institucionais são os mais visados. Por isso, além do
tradicional assédio aos talentos do mercado financeiro, os bancos estão
completando seus quadros com experientes profissionais vindos da área
das fundações.
O caso mais recente é o de Ricardo Weiss, que deixou a Fundação do
BNDES, a Fapes, para assumir um posto de comando no setor de gestão
de recursos de terceiros do Banco Icatu. Weiss tinha 11 anos na área
financeira da fundação, dos quais os últimos cinco como diretor. Há alguns
meses, o Banco Sudameris tirou Mário Francisco Marques da Fundação
Philips, a PSS, onde ocupava o cargo de diretor financeiro.
Se a ida de Marques para o Sudameris é parte da estratégia do banco de
se aproximar dos institucionais, uma área na qual o banco nunca foi muito
forte, a entrada de Weiss no Icatu tem outro objetivo. O banco, com
quase 50 fundações como clientes — através de fundos de investimento e
carteiras administradas —, quer reforçar a equipe para engordar mais
ainda. “O Icatu aposta no crescimento da gestão de recursos de terceiros
e está se preparando para isso”, explica Weiss.
Além da sua experiência como administrador de recursos, Weiss trará para
o Icatu o conhecimento que tem do ponto de vista dos dirigentes de
fundação, o que poderá representar uma vantagem frente à
concorrência. “Tentarei mostrar ao banco como um dirigente de fundo de
pensão vê determinados assuntos”, diz. Segundo ele, esse conhecimento
facilitará a criação de produtos mais afinados com as necessidades desses
clientes.

Boa Carteira – Mas não é somente uma carreira nos fundos que valoriza o
passe de um profissional. Possuir uma carteira recheada de contatos com
dirigentes dos fundos também conta. Ao montar sua equipe, o BBA
Capital, associação entre o Banco BBA e o norte-americano Capital Group,
foi buscar profissionais com esse perfil no time dos concorrentes.
Do CCF, o maior no ramo de fundos multipatrocinados, o BBA Capital tirou
Marilisa Cunha Cardoso e do FonteCindam roubou Renata Matias de
Figueiredo. As duas irão trabalhar na área de marketing para institucionais.

Complementar – “A Marilisa tem uma carteira com mais de 400 contatos,
principalmente de São Paulo e do Nordeste, enquanto a Renata é mais
forte no Rio”, diz Saulo Holzman, diretor da BBA Capital. “A combinação
das duas carteiras gerou um ótimo portfólio de possíveis clientes”, explica
Holzman, ele mesmo vindo da Aliance Capital, empresa dos EUA que
compete com o Capital Group no exterior e agora também no Brasil.
A área comercial também foi prioridade do Banco ABC-Roma. Assim que
definiu sua estratégia de crescer no setor de administração de recursos de
terceiros, há cerca de um ano, o banco partiu para a montagem da sua
equipe de vendas. A opção foi por contratar profissionais especializados
nos investidores institucionais. Chamou Marcos Martins Chiquito, que
estava no Banco Itamarati, mas tinha passado antes pelo Crefisul – um
banco conhecido por sua forte presença no segmento de institucionais —,
e José Carlos de Oliveira, do Banco Fibra.
O resultado da atuação dos dois já está aparecendo, conta o diretor de
gestão de recursos de terceiros do banco, Wanderley Antonio Silva, que
veio do Norchem no início deste ano. “No final de 1995, o ABC-Roma
administrava US$ 120 milhões em recursos de terceiros e hoje esse
volume soma US$ 300 milhões, sendo que US$ 70 milhões são de
carteiras administradas, a maior parte de aplicações de fundos de
pensão”, diz.
Resolvida a parte comercial, e em decorrência da evolução da carteira, o
banco cuidou de reforçar a parte de gestão de recursos. Além do diretor
Silva, buscou Young Man To, no Banco Noroeste, para dirigir o
departamento de research do ABC-Roma. Teve ainda de contratar um
profissional especializado em renda fixa para substituir Celso Ferrari,
perdido para o Barcleys, que está reestruturando sua área de fundos de
investimento. O escolhido foi Roberto Kropp, que deixou o BBA.

Mudanças a vista – A movimentação no setor de recursos de terceiros deve
se intensificar no ano que vem, na medida em que mais instituições se
lançarem neste mercado. Na segunda semana de janeiro começa a
temporada de caça para o ING Barings. A empresa de asset management
do banco deve iniciar as operações em março e, pelo menos a diretoria,
deverá estar composta até fevereiro, explica José Berenguer, diretor da
instituição.
O ING pretende realizar sua busca tanto no mercado financeiro quanto em
fundos de pensão. “O profissional vindo das fundações é muito
importante do ponto de vista de marketing, mas é ainda mais importante
do ponto de vista técnico, para ajudar na hora da formatação dos
produtos”, diz Berenguer. “Ele conhece as possibilidades e as
necessidades das fundações melhor do que ninguém”.