Fundações investem mais na área hospitalar

Edição 7

O investimento em hospitais começa a se destacar nas carteiras dos fundos de pensão

O investimento em hospitais começa a se destacar nas carteiras dos fundos de pensão. Este setor surge como alternativa de diversificação, uma vez que outras aplicações imobiliárias, como shopping centers e hotéis já estão um tanto saturadas. Em 1996 surgiram as primeiras operações nessa área e novos negócios estão previstos para 1997.
“Além de se constituir em uma boa opção de rentabilidade, o investimento em hospitais permite um atendimento de melhor qualidade aos participantes”, explica João Carneiro de Almeida, diretor presidente da Regius, a fundação dos funcionários do Banco Regional de Brasília (BRB).
Estudos de viabilidade econômica encomendados pelo fundo demonstram que esse investimento tem um retorno potencial entre 16% e 23% ao ano.
A Regius já definiu no seu plano de metas para o ano que vem a construção de um hospital de ponta em Brasília. Para tanto está participando de um pool com outras instituições em um empreendimento que demandará recursos estimados em U$ 60 milhões.
Alguns parceiros estão confirmados: são a Faceb (fundação da Cia Energética de Brasília), Funterra (da Terracap), Fundiágua (da Cia de Água e Esgotos de Brasília) e Geap (do Inamps, INSS, Dataprev, FLBA e FACR), além da Universidade de Brasília e da Secretaria de Saúde do Município. “Outras instituições estudam a participação”, afirma. O planejamento está sendo feito pelo mesmo consórcio que formatou para a Previ a operação de investimento no Hospital Umberto I (mais conhecido como Hospital Matarazzo), em São Paulo.
Almeida conta que a idéia é construir um hospital modelo, “com excelência não só no aspecto tecnológico, mas também na área de atendimento ambulatorial”. Os investidores querem que o hospital atue em uma área em que possa ser o principal competidor, de forma a garantir a rentabilidade esperada. Por isso está sendo feito um levantamento por especialidades médicas. O novo hospital só deve operar nos segmentos nos quais for identificado que o serviço é deficiente ou inexistente.
O consórcio que está preparando o estudo de viabilidade também opinará na escolha do operador do hospital, que será selecionado por uma diretoria executiva, composta por representantes dos investidores. “Recebemos propostas dos melhores operadores hospitalares do País”, afirma o Almeida, que procurou conhecer de perto hospitais considerados modelo, como o Albert Einstein e o Sírio Libanês, em São Paulo, e o Vita, em Curitiba.

Philips – A Fundação Philips (PSS), cujo primeiro negócio na área hospitalar foi a aquisição do hospital Vita, de Curitiba, no começo de 1966, gostou da experiência e está participando de outra operação do gênero, desta vez em São Paulo. Trata-se da construção de um hospital com 240 leitos no bairro do Morumbi.
O empreendimento, que demandará recursos da ordem de US$ 81,5 milhões, inclui ainda a construção de um edifício para abrigar consultórios médicos e um flat, que servirá de apoio ao centro de diagnósticos, conta George Schahin, diretor do Hospital Santa Paula e da empresa SGGH (Saint Germain Gestão Hospitalar), que irá operar a unidade. A SGGH é uma associação entre Schahin, a Unidade Radiológica Paulista e a gerenciadora de obras Contractor. Segundo o diretor, os recursos estão sendo captados através de uma emissão de debêntures coordenada pela Servlease.

Previ – A região do Morumbi é o alvo também da Previ, que está comprando um prédio da Construtora São José para transformá-lo em hospital. O projeto original da construtora previa um edifício de escritórios, mas a localização foi avaliada por consultores como inadequada à esse fim. A Previ comprou o prédio e deve investir em torno de US$ 8 milhões para transformá-lo em um hospital, que segundo especialistas é um negócio mais adequado à região. A unidade deverá ser operada pela rede Unicor.
É a segunda operação da Previ, no setor, em 1996. A primeira foi a compra de 70% de participação no Hospital Umberto I (mais conhecido como Hospital Matarazzo), em São Paulo, anunciada há três meses.
A operação do Humberto I, que estava desativado, inclui a reinauguração da unidade, agora com 350 leitos, a construção de um shopping de porte médio, de uma torre de consultórios e de um flat destinado à terceira idade. A compra custou R$ 42 milhões à entidade e o investimento total será de US$ 200 milhões.