Edição 64
Administradora de recursos do Banco BBM elege a gestão de risco como
um diferencial de mercado
No dia 26 de agosto, uma quinta-feira, após uma série de reuniões
ocorridas ao longo dos últimos meses, o diretor comercial da BBM Assets,
Bruno Mariani, tomou uma decisão sobre o futuro estratégico da empresa:
seu diferencial em relação à crescente concorrência seria baseado nos
serviços de gestão de risco.
A decisão marca o início de uma nova etapa na vida da BBM Assets, assim
como na vida de todo o grupo BBM, que por não ter atuação no varejo
aposta fortemente no segmento de administração de recursos para
grandes investidores. De acordo com a responsável pela gestão de risco
no grupo, Eduarda de La Roque, os fundos de pensão vão receber atenção
especial dentro desse contexto. “Vamos concentrar nossos esforços nas
fundações, porque achamos que podemos agregar muito aos clientes
institucionais. Ficamos bastante tempo voltados para dentro, mas agora
que o modelo de risco é maduro, estamos em condições de ir para fora
levando nossa tecnologia”, acrescenta.
O BBM já vinha desenvolvendo trabalhos diferenciados na área de risco,
por meio de uma empresa coligada ao grupo, a Risk Control Serviços. No
ano passado, implantou um sistema integrado de gestão de risco na
Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que envolve o ativo, o passivo e
os fluxos operacionais da companhia. A Risk Control participa, ainda, da
concorrência para montagem de um sistema de risco para a Previ,
fundação do Banco do Brasil (ver Investidor Institucional nº 61).
Porém, até pouco tempo atrás a atuação da empresa dentro da estratégia
geral do BBM não estava bem definida. “Vínhamos fazendo esse trabalho
de consultoria na área de risco de forma pontual. Agora, queremos fincar
nossa bandeira nesta área, porque acreditamos que nosso grande
diferencial em relação ao mercado é a nossa qualidade técnica e,
especialmente, a de nosso sistema de risco, tanto no que se refere aos
softwares como nas práticas internas”, conta Eduarda de la Roque.
Com essa decisão de focar o risco como marketing, a empresa ganhou
um papel de destaque dentro da estratégia do BBM. A Risk Control
responde diretamente ao presidente, Pedro Henrique Mariani, e passa a
ser uma prestadora de serviços também para a empresa de asset e a
tesouraria do banco.
Eduarda esclarece que a empresa não está sendo encarada como um
novo negócio. “Nosso grande objetivo com o projeto da Previ, por
exemplo, é consolidar a nossa imagem como detentores de tecnologia de
ponta em assuntos relativos a risco, na verdade de research quantitativo
em termos gerais, e não o que representa em termos financeiros”, diz.
Software – A idéia é oferecer serviços na área de risco que auxiliem os
clientes não só na gestão da renda fixa e variável, como também nas
carteiras imobiliárias e de participações em empresas. Montagem de
sistemas de risco, só em projetos que possam alavancar a imagem do
BBM. A venda do software, chamado BBM Risk Control, também está
descartada. “O BBM Risk Control não é um produto de prateleira.
Poderemos até disponibilizar o nosso software para alguns clientes
preferenciais, mas com cautela, porque sabemos que a má utilização do
sistema poderia trazer danos à nossa imagem”, observa.
Outro serviço que poderá ser oferecido pela empresa é o de gestão
estratégica de carteiras de fundos de investidores institucionais, atuando
como se fosse um FAC (fundo de aplicação em cotas), no qual o sistema
de risco seria usado na seleção dos fundos.
A modelagem de gestão de risco do BBM começou a ser desenvolvida no
final de 1994, para a tesouraria do banco, e foi adotada pela
administração de recursos em 1997. De acordo com Eduarda, a incursão
do BBM na área de consultoria espelha, em parte, o que acontece nos
Estados Unidos. “Lá, os grandes consultores de risco são justamente
bancos de investimento como JP Morgan e Bankers Trust. Os bancos são
aptos a prestarem esse tipo de serviço. Por sua própria necessidade de
atuação, de competir no mercado, estão sempre atualizados”, conclui.