Inglêses investem em fundos de private equity

Edição 6

O mercado norte-americano de fundos de private equity têm sido uma
alternativa para vários fundos de pensão

O mercado norte-americano de fundos de private equity – para
investimentos em companhias não-listadas em bolsa – têm sido uma
alternativa para vários fundos de pensão, que hoje aplicam neles cerca de
5% dos seus ativos. Segundo reportagem do jornal inglês Financial Times,
esta alternativa de investimento dá maior rentabilidade e evita os vai-e-
vens dos mercados financeiros.
Essa estratégia das fundações explica em parte o rápido crescimento do
mercado de fundos de private equity. Nos primeiros dez meses do ano,
mais de US$ 20 bilhões entraram nas carteiras desses fundos. No ano
passado, eles captaram US$ 28 bilhões, acima dos US$ 21 bilhões de 94
e dos US$ 13 bilhões de 93, de acordo com dados da revista mensal
Private Equity Analyst.
A maioria dos fundos de private equity limita-se a investir em LBOs
(financiando aquisições) ou em venture capital (fornecendo capital de
risco). Segundo Stephen Galante, editor da revista, o mercado de LBOs é
muito maior porque os investimentos são feitos em companhias já
estabelecidas.
Os private equity para venture capital e outras modalidades em geral são
pequenos, porque investem em companhias que ainda estão em
desenvolvimento. Devido a essa característica, muitos administradores
acham que só é viável gerenciar um número limitado desse tipo de
investimento. “Quando fazemos um investimento, estamos na diretoria”,
afirma Craig Whiting, sócio da Weiss, Peck & Greer.
A força do mercado de ações também impulsionou o crescimento do setor
de private equity. Por ser um ativo pouco líquido, uma das maneiras mais
fáceis de um investidor realizar lucros é negociar as companhias no
mercado de ações. Uma oferta inicial aumenta muito as chances de obter
um bom preço.
Mas os fundos LBO concorrem pelas oportunidades de negócios com as
grandes companhias abertas. “Compradores de empresas usam ações e
podem pagar um preço alto”, explica Larry Schloss, do DLJ Merchant
Banking Partners.
Existe ainda outra razão para o entusiasmo dos investidores com o private
equity. “Nos próximos cinco, dez ou quinze anos, eles renderão 20%
acima média do setor”, afirma Schloss.

Taxas – Um ponto negativo desse tipo de fundo são as altas taxas que
incidem sobre ele. Recentemente, grandes fundações como a California
Public Employees Retirement System (Calpers) começaram a reclamar. No
mês passado, nove grandes fundos de pensão redigiram um relatório
pedindo práticas mais transparentes no mercado de private equity. As
sugestões incluiam um grupo de conselheiros, níveis razoáveis de taxas e
regras para administrar os conflitos de interesse, além de limites para
taxações.
Os nove fundos em questão gerenciam US$ 500 bilhões em ativos, dos
quais US$ 20 bilhões investidos em private equity. Em tese, eles teriam
um grande poder de pressão, mas a verdade é que os administradores
desse tipo de aplicação têm tido poucos problemas para captar recursos.
Entretanto, o ponto central do argumento das fundações está correto. “O
mercado de private equity cresceu para US$ 100 bilhões, mas os prazos e
condições dessa indústria não mudaram muito em 20 anos, mesmo com o
crescimento dramático do tamanho e maturidade do setor”, diz Sheryl
Pressler, diretora de investimentos da Calpers. Já os administradores de
private equity acreditam que a permanência das altas taxas de retorno
levará a prazos e condições mais uniformes no futuro.