Poucas fundações vulneráveis ao Bug do milênio

Edição 58

Segundo a SPC, 306 fundos de pensão terão seus sistemas adequados até 30 de junho

A área de informática das fundações tem colocado, no último ano, um foco especial na adequação dos seus sistemas ao “bug do milênio”.
Dados da Secretaria de Previdência Complementar (SPC) mostram que, das 332 entidades em funcionamento, apenas 110 haviam conseguido resolver o problema até 30 de abril, que foi o segundo prazo dado pelo órgão para adequação. A idéia inicial era que as fundações terminassem os ajustes até o final de 98, mas o prazo foi sendo esticado e agora é 30 de junho.
Até o final de maio, 246 entidades declararam ter ajustado os seus sistemas para a virada do milênio e, de acordo com o levantamento da SPC, 306 devem cumprir o prazo até 30 de junho. As 26 restantes, ainda de acordo com a SPC, deverão ser autuadas.
Entre as fundações que estão tentando solucionar o bug o mais rápido possível está a Valia, dos funcionários da Vale do Rio Doce. De acordo com o analista de sistemas Jorge Luiz Dias Ramos, em meados do ano passado a Valia começou a fazer um levantamento minucioso de todos os sistemas, equipamentos e serviços terceirizados, para saber exatamente qual seria a dimensão do problema. “Fizemos todo um trabalho de inventários, cronogramas, planos de contingência, e boa parte dos nossos sistemas já está em fase de testes para ver se está tudo bem”, diz Ramos.
A fundação começou a fazer pesados investimentos na área de informática a partir de 1996, no desenvolvimento de novos sistemas que levassem em conta o problema do bug. Mas uma outra parte dos sistemas da fundação, mais antiga, ainda opera com bases de dados retiradas do mainframe da patrocinadora, a Vale do Rio Doce, que trabalha na adequação ao ano 2.000.
A finalização dos trabalhos de ajuste ao bug do milênio, entretanto, ainda depende dos testes que as entidades devem fazer no sistema. Em setembro, a Sabesprev começa a simular a virada do milênio nos seus sistemas, e preparar o seu plano de contingência para enfrentar os problemas que possam acontecer, caso os computadores entrem em pane.
“Vamos imprimir em papel tudo o que for indispensável para o dia-a-dia da fundação, entre outras providências operacionais”, explica o responsável pela área na fundação, Antônio Rual Ferreira Neves. A Sabesprev terminou a adequação ao bug no mês de março, cumprindo com os requisitos exigidos pela SPC.
“Até o final do ano, muitas fundações devem ficar mais voltadas para o problema do bug. A partir do ano que vem é que o mercado para novas tecnologias, como a Internet, deve se expandir mais”, diz o diretor comercial da empresa de consultoria em informática SFR, Fernando Campanário.
A SFR está há 20 anos no mercado de informática, atendendo somente às fundações. Segundo ele, essas entidades passaram por três momentos em sua informatização. A partir de 1986, essas entidades substituíram os antigos mainframes por microcomputadores. Entre 94 e 95, com as privatizações, a adoção de planos de contribuição definida junto com a mudança de sistemas de DOS para Windows gerou um segundo movimento de modernização.
Depois, a partir de 97, o surgimento de plataformas e equipamentos mais modernos, iniciou-se uma terceira onda de inovações, que ainda está em andamento. “A necessidade de mudança de plataforma, para equacionar o bug do milênio, de gerar informações para empresas e participantes e órgãos reguladores, e de estar integrado ao mercado, está aumentando a cultura da microinformática como suporte para processos modernos de gestão de negócios”, acrescenta.