Edição 4
As instituições financeiras especializadas na gestão de recursos de
terceiros estão otimistas quanto ao crescimento do mercado de produtos
específicos para investidores institucionais
As instituições financeiras especializadas na gestão de recursos de
terceiros estão otimistas quanto ao crescimento do mercado de produtos
específicos para investidores institucionais. Avaliam que é crescente entre
os fundos de pensão o interesse em repassar parte ou toda a carteira
para a administração externa (ver reportagem sobre a Aerus, na página
anterior).
Também deve contribuir para o surgimento de novos ativos
exclusivamente desenhados para as fundações o maior rigor da Secretaria
de Previdência Complementar na fiscalização do cumprimento da norma
que determina a contabilização como custos administrativos dos gastos
que até então eram jogados como despesa de investimento (ver nossa
edição nº 3). “A necessidade de redução de custos administrativos deverá
estimular as fundações a investir mais em fundos”, acredita Eduardo
Pereira de Carvalho, presidente do Continental Banco, o braço do grupo
Pontual voltado para a administração de recursos de terceiros.
Para aproveitar o momento que acredita favorável, o banco, que
administra cerca de US$ 60 milhões em recursos de pessoas físicas e
empresas, acabou de lançar dois fundos de ações e um de renda fixa
voltados para os fundos de pensão. A carteira de renda fixa terá apenas
papéis dos governos federal, estadual e municipal. “Desta forma o
investidor evita o risco dos bancos privados”, explica. Os fundos de ações
cobrirão dois perfis, um de curto prazo, que seguirá os passos do
Ibovespa, e um de longo prazo, que buscará maximizar os ganhos com
aplicações em papéis de segunda e terceira linha.
O lançamento de fundos de ações formatados de acordo com as
exigências e necessidades das fundações está mais fácil desde setembro,
com a edição da Instrução CVM 254. Além de permitir a constituição de
fundos de carteira livre destinados exclusivamente a investidores
qualificados – entre eles seguradoras, fundos de pensão e entidades
abertas de previdência – o mais importante, de acordo com Carvalho, é o
fato de que esses investidores poderão integralizar cotas dos fundos a
eles destinados com ações negociadas em bolsa. “As fundações poderão
transformar suas carteiras administradas em fundos sem ter de vender as
ações no mercado a um preço que, talvez, não seja adequado”, afirma.
Para ele, operar com fundos economiza custos administrativos. “Com o
fundo, o administrador apenas contabiliza a quantidade e o valor das
cotas que possui, já com a carteira administrada, ele tem de elencar todas
as ações e seus respectivos valores, ou seja, dá mais trabalho o que
acaba custando mais caro”, afirma. O fundo de ações também representa
economia quanto à taxa de administração, em geral mais alta no caso de
carteira própria. Além disso, como no fundo a cota já é líquida, ela não
pesa nos custos administrativos.
No Continental, a taxa de administração dos fundos de investimento para
o público em geral varia entre 0,9% e 1,5%. No caso dos fundos de
pensão, deverá prevalecer a taxa mínima. “O custo é baixo porque os
serviços de captação, liquidação e custódia são terceirizados”, explica. O
primeiro é realizado pelo Banco Pontual e os dois últimos pelo Deutsche
Bank.
Para Wagner de Andrade, responsável pela área de operações da
corretora Síntese, o grande apelo dos fundos de ações voltados
exclusivamente para as fundações é a facilidade no controle de
performance, “é só acompanhar a valorização das cotas”, diz. Para ele,
também há uma economia nos custos administrativos. “A cota do fundo é
líquida, ou seja, já tem embutida a taxa de administração, que também é
menor do que a taxa cobrada pelas instituições para gerir uma carteira
exclusiva”, diz.
Interesse – A corretora também está apostando firme no aumento do
interesse das fundações pelos produtos específicos. Tanto que está
lançando fundos de ações voltados para esses investidores, nos quais o
principal atrativo é a possibilidade de participar diretamente das decisões.
A idéia é montar fundos com propósitos específicos e um número definido
de fundações, cada qual com seu representante no comitê de
investimentos. A administração compartilhada permitiria a definição da
política de investimentos e a composição de uma carteira adequada para
aquele grupo de investidores.
“Estamos montando um fundo de ações exclusivo para fundações
localizadas em diversas regiões do país, assim deverá existir uma carteira
para o Sul bem como outra no Nordeste”, conta. A corretora estuda
também a criação de carteiras com o propósito exclusivo de investir em
um ou alguns poucos papéis, de empresas a serem privatizadas, ou de
alta liquidez, como Telebrás.