Edição 38
O fundo de pensão dos professores de Ontário, Canadá, está utilizando o
cálculo do VAR (Value at Risk) não só para monitorar o risco de seus
investimentos, como também para definir diferentes níveis de risco para
cada um de seus administradores
O fundo de pensão dos professores de Ontário, Canadá, está utilizando o
cálculo do VAR (Value at Risk) não só para monitorar o risco de seus
investimentos, como também para definir diferentes níveis de risco para
cada um de seus administradores. O VAR é uma metodologia que calcula
a quantia máxima de dinheiro que o investidor poderá perder em seu
investimento, baseada no histórico de comportamento de mercado dos
ativos.
Mas, segundo reportagem do jornal Pension & Investment, o cálculo feito
por essa fundação é um pouco mais complexo. Leva em conta, ainda, o
desempenho dos administradores em relação aos benchmarks. Para isso,
a fundação fez simulações das carteiras dos administradores para
estabelecer um “desvio médio” dos administradores em relação ao
benchmark. E o VAR foi calculado sobre esse desvio, que a fundação
batizou de MEAR (Management Effect at Risk).
Com esse número em mãos, a entidade estabeleceu quanto quer de valor
agregado, como recompensa pelo aumento do risco do investimento. Esse
valor é um percentual fixo do MEAR, de cerca de 10%.
Para se ter uma idéia, o fundo tem cerca de US$ 4,4 bilhões investidos
em ações canadenses sob administração ativa, que apresentam um MEAR
de US$ 590 milhões, para os quais estabeleceu um valor agregado de
US$ 63 milhões. Para sua carteira de US$ 22 bilhões em ações nacionais,
sob administração quantitativa, quer um valor agregado de US$ 79
milhões, sobre um MEAR de US$ 730 milhões.
Assim, a estratégia do fundo de pensão dos professores de Ontário é
inovadora porque os administradores não serão cobrados com base nos
benchmarks, e sim em relação ao nível de risco que lhes foi estabelecido.
E esse nível varia para cada um deles, e não está necessariamente
relacionado ao volume administrado.
“Alguns administradores ficaram chocados ao ver que nossa estratégia
envolvia mais risco do que eles tinham em mente”, diz o vice-presidente
da área de pesquisa da fundação, Leo de Bever. Para outros, diz, o risco
estabelecido pela fundação ficou abaixo do risco que eles já corriam.
Segundo ele, o “orçamento” de risco foi dividido entre várias categorias de
ativos e, na sequência, entre os administradores de ativos, internos e
externos. No total, o fundo decidiu aumentar sua exposição ao risco esse
ano para 3% de seus ativos – de um patrimônio de US$ 41 bilhões.
O uso do VAR virou parte integral da estratégia de investimentos da
fundação canadense. De acordo com Bever, essa metodologia trouxe mais
agilidade às decisões de investimento, por exemplo, na hora de detectar
e corrigir negócios “malfeitos”. “Esse sistema é hipersensível a qualquer
coisa que esteja indo mal no portfólio”, complementa.
O fundo dos professores de Ontário também está utilizando o VAR para
estimar a volatilidade do seu superávit. O cálculo é feito baseado na soma
dos ativo e do passivo. “Temos que focar o risco do superávit, e não dos
ativos”, diz.
Para fazer todos esses cálculos, a fundação utiliza o sistema Sailfish, da
Reuters. O software tem dados sobre a variação diária de vários ativos
entre os últimos 11 a 13 anos.
Bever não quis informar quanto pagou pelo software, mas estima-se algo
em torno de US$ 500 milhões. Embora admita que existem sistemas mais
baratos no mercado, para um fundo do porte dos professores de Ontário,
esse custo é pequeno.