Edição 33
A globalização da economia deve levar os fundos de pensão brasileiros a
ampliar investimentos no mercado internacional
A globalização da economia deve levar os fundos de pensão brasileiros a
ampliar investimentos no mercado internacional. A opinião é do diretor da
Bankers Trust Company, Craig McCauley, que esteve no Brasil para
participar de um seminário no Rio de Janeiro, sobre tendências de
investimentos para fundações, promovido pela Abrapp.
Segundo ele, nos últimos dez anos a maioria dos países do mundo seguiu
essa tendência, em busca da diversificação dos seus portfólios. No Brasil,
porém, as fundações só podem investir no mercado internacional por meio
dos chamados fundos de investimento no exterior, utilizado apenas pela
Fundação Centrus.
Para McCauley, a pouca participação da renda variável nos ativos dos
investidores brasileiros, de cerca de 20% em comparação com até 50%
em países como Canadá, EUA e Inglaterra, torna os ativos do exterior
muito interessantes. “Proporcionam alternativas novas de diversificação”,
explica.
Segundo ele, as taxas de juros devem continuar caindo no Brasil e, em
breve, estarão inferiores ao período pré-crise asiática, o que deve
alavancar novamente os investimentos em renda variável. McCauley
acredita que, para se proteger de eventuais reflexos de crises
internacionais sobre o Real, e mesmo de problemas internos com o
próprio Real, os investidores devem buscar refúgio em aplicações no
exterior.
Ao aplicar no mercado internacional, as fundações ganham acesso a
títulos de longo prazo, ainda pouco disponíveis no Brasil. “Temos
aplicações de mais de 10 anos, em alguns países do mundo”, afirma
McCauley. “Quando as políticas do governo assegurarem que a
estabilidade será duradoura – e as pessoas já estão tendo confiança na
estrutura política e econômica –, também no Brasil começarão a existir
títulos de longo prazo.”
A liquidez das aplicações e a capacidade de avaliação dos mercados
internacionais também são pontos levantados a favor dos investimentos
externos. Além disso, ao ir ao mercado internacional, o investidor
brasileiro passa a ter acesso à ações de empresas que não estão nos
mercados domésticos.
No Ibovespa, por exemplo, as dez melhores ações concentram mais de
75% do total da capitalização do mercado. “É uma concentração muito
alta. Mas é um problema comum a muitos países”, diz. Isso pode ser
minimizado através dos mercados globais, que tem várias possibilidades
de distribuir riscos entre diferentes indústrias e setores.