Edição 216
Já foi o tempo em que a Funcef investia em grandes empreendimentos hoteleiros voltados para o público de alta renda ou nos mega resorts em paraísos turísticos. Com uma carteira de imóveis de quase R$ 3 bilhões, a segunda maior entre os fundos de pensão, atrás apenas da Previ, a Funcef agora tem privilegiado as aplicações em hotéis econômicos destinados a hospedar viajantes a negócio ou turistas de classe média.
Outra mudança é a localização dos hotéis selecionados para fazer parte da carteira de imóveis da entidade, que não é necessariamente nas principais capitais do País – é o caso, por exemplo, de um empreendimento em Petrolina, no interior de Pernambuco, ou de outro em Araraquara, no Estado de São Paulo, ambos operados pela francesa Accor.
No ano passado, a Funcef escolheu ingressar em três empreendimentos hoteleiros que totalizaram R$ 78 milhões em investimentos. O de Petrolina é um hotel com a bandeira Ibis que conta com R$ 7 milhões em recursos do fundo de pensão. Outros dois hotéis, um em Vitória (ES) e outro no Rio de Janeiro (RJ), receberam respectivamente R$ 29 milhões e R$ 42 milhões em aplicações da fundação. Apenas este último pode ser considerado de maior padrão entre os projetos selecionados recentemente pela Funcef. Para completar o quadro, outro hotel, que ainda está na fase de definição, é um empreendimento também com a bandeira Ibis, na cidade de Araraquara, no interior de São Paulo. “Com a ascensão da classe média e a demanda reprimida em diversas cidades do País, estamos apostando em hotéis da linha econômica tanto para turismo quanto para negócios”, diz Umberto Conti, consultor da presidência da Funcef.
Ele explica que a opção significa uma mudança importante na estratégia de investimentos da carteira de hotéis da fundação. Se o histórico da Funcef apresenta investimentos em hotéis como o Renaissance, em São Paulo (SP), ou o antigo Blue Tree de Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco, hoje a direção é outra. “Procuramos negócios imobiliários com menores riscos como são os hotéis econômicos em cidades com parque hoteleiro insuficiente”, afirma Luiz Phillipe Torelli, diretor de participações societárias e imobiliárias da Funcef. Ele aponta que os riscos de um empreeendimento da linha econômica voltado para hospedar executivos de empresas são pequenos. “São empreendimentos em que temos maior previsibilidade dos resultados”, cita o diretor.
Além dos riscos menores, outra vantagem da aplicação em hotéis econômicos é o aumento da diversificação na carteira de imóveis da Funcef. Além de hotéis de luxo e resorts, edifícios comerciais e shoppings, os empreendimentos econômicos ajudam a diversificar os ativos imobiliários do fundo de pensão. “Procuramos seguir a lógica da diversificação para otimizar o desempenho de nossa carteira de imóveis”, justifica Umberto Conti. Ele exemplifica a tese com um novo investimento em um imóvel de um complexo industrial na cidade de Vila Velha, no Espírito Santo, no valor de R$ 120 milhões. É um parque industrial que será ocupado pela empresa alimentícia Tangará Foods, que pagará aluguel mensal de R$ 1,14 milhão, corrigido pelo INPC.
Mudanças de operadoras – A carteira de imóveis da Funcef tem apresentado boa rentabilidade nos últimos dois anos, ao redor de 24%, bem acima da meta atuarial. As dificuldades com um grupo de empreendimentos comprados na década de 1990, no entanto, não foram pequenas. A fundação tem mudado constantemente a bandeira de seus dois resorts – o de Cabo de Santo Agostinho e o de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Se originalmente estavam sob administração do Blue Tree e depois do Caesar Park, no segundo semestre do ano passado a Funcef selecionou um novo administrador, o grupo português Vila Galé. No final do ano, os dois resorts já estavam com a nova gestão, que assumiu o posto com o compromisso de melhorar os resultados em 2010.
Outra mudança aconteceu no complexo Alvorada (DF), que contou com a entrada da operadora Latin America Hotels (LA Hotels) em meados de 2009. Os dois hotéis que fazem parte do empreendimento controlado pela Funcef, o Brasília Alvorada Park e o Brasília Alvorada Towers, colocaram as bandeiras Royal Tulip Hotels e Golden Tulip Hotels. Inaugurado em 2000, o complexo Alvorada foi administrado pela rede Blue Tree até dezembro de 2006, quando quem assumiu a posição foi a ADG Hotelaria, que ficou até o ano passado.