Edição 20
Para ninguém ter dúvidas, eles grafam o nome com “z”
Para ninguém ter dúvidas, eles grafam o nome com “z”, assim mesmo,
Brazil Realty. Para todos saberem que é uma empresa com foco em
negócios globais. Lançada em 1993, através de uma associação entre a
IRSA, empresa argentina na qual o megaespeculador George Soros tem
uma participação de 25%, e a brasileira Cyrella, a Brazil Realty é hoje uma
das estrelas em ascensão na área de grandes empreendimentos
imobiliários no País.
Ela tem lançado projetos arrojados, como recentemente o International
Trade Center, um conjunto na região da nova Faria Lima, em São Paulo,
reunindo flats e escritórios dotados de serviços de hotelaria e de infra-
estrutura para negócios. No dia do lançamento, das 560 unidades
colocadas à venda, a empresa recebeu reservas para 400 – das quais,
metade deveriam se transformar em vendas efetivas. Um dos focos da
empresa para a comercialização dos seus empreendimentos são os
fundos de pensão.
Os fundos já participam de alguns projetos da Realty, como o Centro
Têxtil Internacional, por exemplo, que tem 40% das cotas imobiliárias na
mãos das fundações PSS, Telos, Ecônomus e Sistel. Do shopping ABC
Plaza, em Santo André, com inauguração prevista para setembro, a Realty
está oferecendo 35% às fundações, através de um fundo imobiliário, o
que representa cerca de R$ 40 milhões.
Nas projeções da empresa, há muito espaço para o crescimento dos
shopping centers no Brasil. Segundo o diretor de relações com o mercado
da Brazil Realty, Daniel Citron, 17% das compras totais do país já são
realizadas em shoppings, contra 10% há cinco anos. O faturamento dos
shoppings passou de R$ 4 bilhões em 92 para R$ 6 bilhões em 93, R$ 8
bilhões em 94, R$ 10 bilhões em 95 e chegou a R$ 12 bilhões em 96. Nos
Estados Unidos, as vendas de shoppings já representam 55% do comércio
total.
Escritórios – Na área de escritórios, a situação para prédios de escritório
sofisticados, a serem alugados para os bancos estrangeiros que estão
aportando no país, além de outras multinacionais, é semelhante. “O
mercado vai continuar crescendo”, diz Citron. São Paulo, a maior cidade do
País, possui 6 milhões de metros quadrados em prédios de escritório,
contra 7 milhões de Madri, 12 milhões de Toronto (Canadá), 14 milhões
de Paris e 42 milhões de Nova York.
A Brazil Realty tem hoje ativos da ordem de R$ 300 milhões, dos quais
50% em empreendimentos alugados para gerar renda, 25% em
incorporações em desenvolvimento e 25% em ativos líquidos, para poder
aproveitar as boas oportunidades de negócios que surgem. Aliás, deixar
uma reserva em caixa para aproveitar as oportunidades é um dos
segredos da empresa.
Um julho último, a empresa lançou US$ 75 milhões em eurobônus, com
taxa de juros de 10% ao ano e 8 anos de prazo. O destino desses
recursos ainda não está definido. “Temos recebido propostas, muitos
estudos oferecendo negócios, estamos estudando”, diz Citron. “Somos
uma empresa altamente capitalizada, com acesso à dinheiro do mercado
internacional, então isso nos favorece”.
Nome forte – O nome de Soros ajuda à sua estratégia de captações
internacionais. Em novembro do ano passado, a Realty decidiu abrir seu
capital, lançando ações no valor de R$ 80 milhões. Foram rapidamente
subscritas, sendo 30% pelo mercado interno e 70% pelo internacional. O
fundo de investimento do próprio Soros comprou “pelo menos U$ 10
milhões das nossas ações preferenciais”, admite Citron.
A Brazil Realty possui 35 milhões de ações ordinárias, das quais 50%
pertencem à IRSA e 50% à Cyrella, e 40 milhões de preferenciais,
colocadas no mercado.