Sabesprev parte para investimentos alternativos

Edição 193

Fundos de small caps e fundos florestais, além de planos para produtos
de private equity, na rota de investimentos da fundação

A Fundação Sabesp de Seguridade Social (Sabesprev) deve diversificar
ainda este ano seus investimentos em renda variável com o ingresso de
small caps e fundos florestais em sua carteira. César Soares Barbosa,
diretor de previdência da entidade, indica que a idéia é aplicar cerca de R$
40 milhões em fundos de ações de empresas de menor porte e algo em
torno de R$ 15 milhões em um fundo florestal. Os fundos de private
equity, apesar de ainda não serem alvo de um plano mais concreto da
fundação, já estão na rota dos investimentos estudados pela Sabesprev. E
tudo isso, segundo Barbosa, é porque com o grau de investimento a
tendência é de que os aportes no Brasil se voltem para a economia real,
os Investimentos Estrangeiros Diretos (IEDs) e o mercado de capitais do
País, e não mais para as elevadas taxas de juros pagas pelos títulos da
dívida brasileira.
“As fundações têm de olhar o longo prazo. Por isso, mais do que um
repique de inflação ou a alta nas taxas de juros, que na minha opinião
são passageiros, é o investment grade que exige uma avaliação do que o
futuro nos reserva”, diz Barbosa. Ele acrescenta que dentro de um ou dois
anos muitos investidores estrangeiros virão competir pelos ativos do Brasil
e “isso tem sido um fator de montagem da estratégia de investimentos”.
Além disso, Barbosa estima que a taxa de juros real no Brasil chegue a
menos de 6% ao ano dentro de 24 ou 36 meses.
É justamente se antecipando a essa avalanche de recursos externos que a
Sabesprev pretende entrar em fundos de small caps já neste mês de
julho. “Estamos fazendo um processo de seleção criterioso e montando
posições para comprar cotas de fundos que investem em small caps. A
idéia é compor um FIC com cinco fundos dentro”, explica Barbosa.
Segundo ele, essas ações sofreram uma forte queda de preços com
a “debandada” dos investidores estrangeiros por conta da crise do
subprime. “Para quem pode aplicar por um prazo maior, há prêmios
interessantes no mercado. Aproveitamos para comprar na baixa porque o
estrangeiro vai voltar a investir e as ações terão novamente um preço
justo”, argumenta.
Outro filão que deve receber investimentos da Sabesprev é o de fundos
florestais. Segundo Barbosa, estes fundos investem em áreas estratégicas
de plantação de eucalipto e reflorestamento, que abastecem fábricas de
papel e celulose e de móveis, principalmente. “A madeira proveniente do
eucalipto plantado também pode servir de carvão vegetal e, ainda, gerar
créditos florestais na área preservada”, explica o diretor de previdência da
entidade. Ele acrescenta que ainda há poucos fundos nessa linha no
mercado, mas a modalidade vai ser “muito comum em um futuro
próximo”. Ainda este ano, a Sabesprev já deve fazer seu primeiro
investimento em um fundo florestal. Sem dar mais detalhes, Barbosa
afirma que a entidade já analisou o aporte em um fundo, “deu o OK” e
agora aguarda o chamado de capital.
No segmento de private equity, apontado como um dos focos de interesse
dos investidores estrangeiros com a obtenção do investment grade, a
Sabesprev ainda não está posicionada, mas analisa algumas
alternativas. “Temos várias opções ‘no prelo”, indica Barbosa. “Estamos
analisando”, complementa.

Patrimônio – Toda essa diversificação de carteira deve ocorrer sem mudar
o percentual do patrimônio alocado em renda variável. De acordo com o
executivo, trata-se apenas de um remanejamento dentro da carteira. De
um patrimônio de perto de R$ 1,2 bilhão, 22,5% estão em renda variável,
2,5% em empréstimos a participantes, 5% em imóveis e 70% em renda
fixa. Segundo Barbosa, mais da metade desta parcela em renda fixa está
alocada em um fundo exclusivo destinado à reserva de benefício
concedido. “Separamos do ativo total uma parte que é calculada para
cobrir o passivo de quem já recebe o benefício, já é aposentado, de forma
a proteger e garantir esse pagamento. É um investimento em renda fixa,
em títulos da dívida pública, travado na estratégia. Como isolamos essa
parte do patrimônio e carregamos os títulos em carteira até o vencimento,
é um investimento sem risco, e os spreads já estão dados desde o início”,
conta o executivo. Barbosa ressalta que, apesar de as taxas poderem
flutuar um pouco (os títulos comprados são NTN-C e NTN-B, atrelados à
inflação), a taxa contratada para a composição desse fundo garante a
cobertura do passivo.