Nova área do safra vai vender fundos do exterior

Edição 192

Banco cria área de gestão de riquezas e prepara-se para oferecer aos
clientes novos fundos e produtos do exterior

O Banco Safra acaba de criar uma área de wealth management. Com
pouco mais de um mês de vida, a área está sob o comando de Carlos
Alberto Torres de Melo, que deixou a diretoria do Safra Asset Management
para assumir a nova função. A nova área do banco conhecido por abrigar
clientes de alta renda foi colocada estrategicamente embaixo do guarda-
chuva do Safra Banco de Investimentos, que em meados de junho recebe
o reforço do ex-CEO do Safra Asset de Nova York, Antenor Fernandes,
vindo para ocupar o posto de vice-presidente.
Com isso, o Safra quer disponibilizar para seus clientes private
investimentos e soluções do mundo todo, não apenas do mercado
brasileiro. “Vamos oferecer produtos sofisticados do mercado nacional e
internacional”, afirma Melo. Para tanto, a área passa a utilizar o conceito
de plataforma aberta, ou seja, o cliente tem acesso a produtos de outras
instituições financeiras e não apenas os produtos da casa. Já no âmbito
internacional, o Safra está analisando a possibilidade de alocar no
mercado internacional, valendo-se da abertura oferecida pela Instrução
CVM n° 456, que permite investimento em fundos off shore de até 20%
da carteira de clientes qualificados e até 100% para clientes super-
qualificados (patrimônio superior a um milhão de reais). A idéia é oferecer
fundos da rede que aplicam em fundos externos e também criar fundos
espelhos, que darão ao cliente acesso a fundos das maiores casas de
gestão do exterior. Segundo o diretor, a área terá a vantagem de utilizar
a rede que o Grupo Safra tem no Brasil e no mundo, abrangendo os
quatro continentes.
“Não queremos oferecer só uma estrutura de fundos, mas uma gama de
produtos mais globais, como estrutura com derivativos, renda fixa e
variável, financiamento de opções e travas”, conta Melo, cuja cadeira na
asset do Safra foi ocupada por Márcio Appel, vindo da gestão do
Santander (veja mais na pág. 15).
Hoje a equipe da nova área é composta por oito pessoas, divididas entre
alocação de recursos e serviços a clientes. Mas este número deve crescer
até o final do ano com a montagem de uma área de “outros produtos”,
que fará a estrutura de operações imobiliárias, além de produtos de renda
fixa e renda variável.
A área de wealth management foi criada no Safra em resposta ao grande
crescimento da área de alocação de recursos da asset, que cresceu dez
vezes nos últimos anos. Segundo Melo, quando chegou no Safra, há dois
anos, a asset tinha R$ 300 milhões em alocação de recursos em fundo de
terceiros. Hoje esse montante é de aproximadamente R$ 2,8 bilhões,
pouco mais de 10% dos cerca de R$ 26 bilhões de patrimônio sob gestão
da asset. Esse crescimento criou a necessidade de uma área
independente, que pudesse “crescer por si só”, explica o diretor.
Ele conta que quando entrou no Safra, após ter passado dez anos como
tesoureiro para a América Latina do WestLB, identificou a grande demanda
do cliente private pelo serviço de alocação. “Demos uma focada nessa
área, investindo na equipe, criando relação com outras instituições para
comercializar seus fundos, além de criar fundos de fundo multigestão e
multiportfólio e fundos exclusivos para a clientela private”, conta.
O banco está apostando forte no segmento de private, seguindo a
tendência de crescimento da área de private banking no País. Segundo
levantamento da consultoria The Boston Consulting Group, que avaliou
cerca de 100 private banks na América Latina, o total de ativos sob gestão
nesse segmento subiu 20% no Brasil de 2006 para 2007, atingindo a
marca de US$ 1,5 trilhão.
Na avaliação de João Santos, sócio-diretor da área de investment
management da PricewaterhouseCoopers no Brasil, todos os grandes
players do mercado estão realizando uma segmentação mais específica
de seus clientes para melhor atender a demanda. “O que era um negócio
relativamente fácil há três anos, quando o investimento em títulos do
governo tinha rentabilidade alta e satisfazia o cliente, se tornou um
serviço com gestão mais complexa”, afirma.
Segundo Santos, embora a curva da taxa de juro tenha sido alterada
recentemente, a queda acentuada dos juros nos últimos anos gerou
demanda por produtos de investimentos alternativos, como derivativos e
renda variável. Segundo estudo da consultoria sobre private banking e
wealth management no Brasil e no mundo, que ouviu 265 instituições de
43 países, a expectativa dos CEOs é que esse mercado cresça 30% nos
próximos três anos e 24% no Brasil.