As privadas da Petros querem discutir plano

Edição 19

As empresas privatizadas da área petroquímica, que fazem parte da
Petros, estão negociando com a fundação a mudança para planos
alternativos que atendam melhor suas necessidades

As empresas privatizadas da área petroquímica, que fazem parte da
Petros, estão negociando com a fundação a mudança para planos
alternativos que atendam melhor suas necessidades. Numa reunião
marcada para o próximo mês, vão discutir a questão. “Elas acham o plano
da Petros caro, querem um plano mais barato”, explica o diretor de
benefícios da Petros, Sérgio Teixeira.
As 8 empresas que faziam parte do sistema Petrobras/Petroquisa e que
foram privatizadas, continuando porém a fazer parte da Petros, são as
seguintes: Copene, Copesul, Ultrafértil, Petroquímica União (PQU),
Companhia Química do Recôncavo (CQR), Coperbo, Petroflex e Nitriflex.
Além delas, a Petros reúne 5 estatais: Petrobras, BR Distribuidora,
Braspetro, Petrofértil e Petroquisa. No total, a fundação conta com 14
patrocinadoras, somando as 13 acima e a própria Petros.
“Estamos discutindo a possibilidade de ter planos com filosofia mais
moderna, mais de acordo com nossa realidade, o plano da Petros é muito
caro e é na linha do tudo ou nada, quando o participante sai não leva
nada”, critica o executivo da área de recursos da Copesul, Norberto
Nast. “Queremos um plano mais flexível”.

Segurando – A Copesul foi privatizada em maio de 92 e a partir dai
começou a pensar em mudar de plano. “A Petros vem nos segurando
desde então, com a alegação de que é um fundo solidário, e apenas em
96 nós fizemos claramente um pedido de separação de nossos ativos e
passivos dos da Petros”, diz Nast.
“Ninguém deve ficar onde não quer, mas não devemos esquecer que as
empresas assumem responsabilidades quando entram em um fundo,
então elas tem obrigações a cumprir”, argumenta Teixeira. “Elas precisam
se lembrar disso”.
Mas a Petros está estudando alternativas para evitar o divórcio. “Estamos
atentos à essa nova realidade das privatizadas, estamos estudando de
abrir nosso plano solidário para formas diferentes de participação, de
administração empresa por empresa, como um plano multipatrocinado,
estamos fazendo um exercício para ver se isso é viável legalmente”,
complementa o diretor da fundação. “Vamos expor algumas idéias na
reunião que teremos com elas dentro de um mês”.
Nem todas estão muito interessadas. A CQR, absorvida pelo grupo
Odebrecht, mantém apenas 20 pessoas na Petros. A CQR, juntamente
com a CPC (Companhia Petroquímica de Camaçari) e a Salgema, formam
a Triken, o braço da Odebrecht na área petroquímica. Dos 1000
empregados da Triken, a maioria faz parte da Odeprev, o fundo de
pensão do grupo controlador, o Norberto Odebrecht. As 20 pessoas da
CQR que estão na Petros não representam um problema para a empresa.
“É uma quantidade de pessoas muito pequena para justificar qualquer
coisa, não vamos nos envolver no novo desenho que a Petros quer”,
afirma Ronilson de Souza, administrador da Triken. “Não tem sentido
fazer um plano diferente para tão poucos, a maioria falta pouco tempo
para se aposentar”.
A Triken envolveu-se em uma mudança grande quando a Odebrecht
comprou a Salgema, uma da patrocinadoras da Previnor. Deixou de
patrocinar aquela fundação (que perdeu 400 participantes), permitindo
aos funcionários da ativa resgatar suas cotas do fundo antigo ou transferí-
las para o novo, a Odeprev. Quase 90% preferiram resgatar as cotas para
uso próprio, mantendo-se apenas no plano básico da Odeprev. No caso
dos 30 aposentados, a poupança acumulada deles foi transferida para a
Bradesco Previdência, que passou a fazer a administração dos benefícios
(ver Investidor Institucional nº 10).
O principal motivo levantado pela Copesul para buscar um plano
alternativo é o medo de mudanças nas orientações dos fundos de
estatais. “São muito vinculados aos governos de plantão”, diz
Nast. “Quem garante que um compromisso assumido hoje terá validade
quando mudar o governo?”
A Copesul possui 733 empregados, dos quais 650 participam da Petros.
Os outros 83 não contam com um plano de previdência complementar,
apenas com um plano de seguro de vida. Desses 83, 60 foram admitidos
por volta de 1987, ano em que a Petros tinha suspendido as inscrições de
novos participantes e 23 foram contratados após a privatização, recebendo
os dois grupos apenas seguro de vida.
As novas contratações da empresa daqui para a frente também ficarão de
fora de qualquer plano de presidência complementar. A Copesul está
investindo R$ 600 milhões na ampliação de sua planta do Sul, a qual
passará de uma capacidade produtiva de 685 mil para 1.135 mil
toneladas/ano de eteno. “Os empregados novos não contarão com plano
de previdência. Enquanto não concluirmos a negociação com a Petros não
vamos incluir mais ninguém nesse plano”, diz Nast.