11-09-2015 – 14:23:26
A Western está participando de um processo de concorrência com outras gestoras, para fazer a gestão dos planos de previdência aberta distribuídos por uma seguradora que busca ampliar o leque de assets que oferece em sua grade. “O investidor, que é o cliente da previdência aberta em última instância, pode estar feliz com os produtos da seguradora, mas pode acontecer também dele ter uma preferência por algum outro gestor com quem a seguradora ainda não trabalha. Como elas não querem perder o negócio, cada vez mais as vemos abertas para firmar parcerias com outros gestores”, afirma Marc Forster, superintendente de relacionamento com clientes da Western Asset Management, sem revelar o nome da seguradora.
“Estamos buscando sim mais parcerias com outras seguradoras, é uma via de mão dupla, as seguradoras tem o interesse crescente de diversificar a oferta de gestores, e nós da mesma forma temos interesse em aumentar o número de seguradoras parceiras”, acrescenta o executivo. Caso a Western seja a asset selecionada, a expectativa de Forster é que o resultado seja conhecido ainda em 2015.
Por conta de um grande novo mandato específico de renda fixa, de uma seguradora multinacional com quem a Western já tem parceria, a gestora apresentou o maior crescimento no ranking Top Asset no segmento de seguradoras em 12 meses, com uma evolução de 245%, para R$ 1,9 bilhão. “Com esse contrato, a nossa parceria com ela triplicou no Brasil”, explica o executivo. Entre as seguradoras com quem a Western trabalha atualmente, estão Icatu e MetLife. No momento de firmar as parcerias, as seguradoras, na visão de Forster, levam bastante em consideração “a capacidade da gestora de oferecer soluções diversas de investimento, e não apenas um produto”. Além disso, por se tratar na maioria de pessoas físicas, é um público que demanda informações de maneira mais mastigada, com um tom menos técnico, e que quer entender as oscilações de curto prazo que afetam o mercado. “A taxa também é importante, mas acho que no fim do dia não é o aspecto nos quais nos diferenciamos. Não somos nem queremos ser o provedor de baixo custo do mercado. Entendemos que temos de precificar bem nossos produtos e serviços, sem fechar os olhos para o mercado, mas também sem a pretensão de ser o player mais agressivo que vai ganhar os mandatos por ter o melhor preço”.
Crescimento da previdência aberta – O mercado de previdência aberta é majoritariamente voltado para os ativos de renda fixa, e nos últimos dois anos foi uma tendência que ganhou ainda mais força diante do processo de aperto monetário promovido pelo Banco Central, pondera o superintendente. “A predileção pela renda fixa é pelo próprio histórico do investidor brasileiro, que sempre teve uma taxa de juros alta, com pouca necessidade de investir em bolsa, que nesse último período esteve associada a um cenário muito incerto”, diz Forster. Ainda assim, a concentração das carteiras na renda fixa, fala o executivo, não impede que os gestores se diferenciem entre si com estratégias variadas. Forster cita como exemplo a seleção de títulos pré-fixados ou indexados à inflação, títulos privados, e também a distribuição dos vencimentos das carteiras.
“O gestor ativo continua com espaço para expressar suas ideias mesmo em um ambiente de dominância da renda fixa”. Em 2015, período no qual as movimentações do mercado muitas vezes se descolaram dos fundamentos econômicos, pondera o especialista, a gestão de risco, com controle rigoroso das exposições tomadas, e do tamanho delas, teve papel de destaque. “Temos mantido em bolsa posições mais baixas do que as alocações alvo dos mandatos, e sido muito ativos na gestão de ativos pré-fixados, com a migração para os vértices mais longos quando a confiança aumenta, e para os mais curtos quando o risco é maior”.
O mercado de títulos privados, que, segundo o especialista, esteve praticamente parado ao longo do primeiro semestre, ou com ofertas com um retorno não condizente ao risco, voltou a apresentar oportunidades nos últimos meses, com as empresas se vendo obrigadas a ir ao mercado ao menos para fazer a rolagem das dívidas já existentes. “É um mercado que ainda está em um ritmo mais lento do que em seus melhores momentos, mas tem tido algumas operações com um risco retorno interessante”.
As debêntures incentivadas de infraestrutura, previstas para ganhar tração nos próximos meses, e durante 2016 principalmente, ao menos antes da perda do grau de investimento, não entram no radar da asset para trabalhar as carteiras dos planos PGBL e VGBL das seguradoras. “Como são papéis que levam em consideração a isenção para a pessoa física, a isenção em geral já vem embutida no preço da debênture, que sai com uma remuneração um pouco mais baixa”. Por essa característica, é uma operação mais direcionada para as pessoas físicas diretamente do que para os fundos de investimento, explica Forster.