Tesouro Direto e títulos garantidos pelo FGC impulsionam corretag...

16-02-2016 – 15:08:00

 

Apesar do cenário desafiador para as corretoras de valores nos últimos anos, com a saída de algumas do mercado ou a incorporação de outras por grandes conglomerados, como reflexo do fraco desempenho da bolsa no período, o patamar atual da Selic faz com que o segmento de renda fixa represente uma oportunidade de crescimento para algumas casas independentes sem vinculo com instituições financeiras. A Easynvest, que iniciou 2015 com aproximadamente R$ 500 milhões em ativos sob custódia, teve nos últimos meses um salto do volume, que encerrou o ano em cerca de R$ 6 bilhões.

A corretora, focada exclusivamenteo no varejo, conseguiu aproveitar a maciça migração de investidores da poupança para o Tesouro Direto – em 2015 a poupança registrou resgates líquidos de R$ 53,5 bilhões, diante da inflação de 10,67% acima do rendimento de 8,07% entregue pela caderneta. O programa de compra de títulos públicos, por outro lado, teve um crescimento de 207% das vendas líquidas no ano passado, para R$ 7,74 bilhões. “Esse nível da taxa de juros torna o investimento em renda fixa praticamente imbativel. Tivemos sim esse movimento dos investidores que saíram da poupança e procuraram o Tesouro Direto”, afirma Amerson Magalhães, diretor da Easynvest.

Reforça a tese da fuga dos investidores da poupança para o Tesouro Direto o perfil dos novos clientes que entraram na corretora em 2015. “Foram majoritariamente novos investidores entrando no mercado, houve pouca migração de outras corretoras”. Magalhães lembra que até 2013 a casa era voltada apenas para o mercado de ações. “Com a queda da bolsa houve uma fuga dos investidores, começamos a analisar outros mercados e mudamos o foco de atuação”. Hoje a renda variável representa 15% do total sob custódia na corretora.

Além do crescimento vinculado aos títulos públicos, o diretor destaca também a atuação da casa na distribuição de CDBs de bancos de pequeno e médio porte, que pagam taxas superiores às do Tesouro Direto. “Como meus cliente são de varejo, conseguimos oferecer um risco baixo, porque eles sempre ficam abaixo dos R$ 50 mil em aplicação e ficam garantidos pelo teto do FGC (Fundo Garantidor de Crédito”)”, explica Magalhães.

Perspectivas – Para 2016, a expectativa da Easynvest é voltar a apresentar um crescimento expressivo; a corretora prevê encerrar o ano com R$ 9 bilhões em ativos sob custódia. Uma das estratégias que tem sido adotadas para atrair a atenção do cliente é não cobrar taxas para abertura de conta, de custódia, e para os investimentos em Tesouro Direto, LCIs/LCAs e CDBs. “Ainda estamos longe de chegar na saturação desse mercado. São menos de 300 mil pessoas investindo pelo Tesouro Direto, e acreditamos que esse número pode crescer muito”.

Magalhães ressalta que o fato de a corretora sempre ter tido um viés fortemente eletrônico facilitou o acesso dos novos clientes à plataforma de serviços, o que também contribuiu para o crescimento. “Meu cliente é um usuário virtual. Pensamos muito mais como uma empresa de tecnologia do que como uma corretora de valores”, pondera o diretor. Pela importância que a corretora enxerga nos avanços tecnológicos que podem beneficiar o cliente, não lhe interessa o projeto de compartilhamento da área de TI promovido recentemente pela Ancord para reduzir os custos das corretoras ao permitir a utilização de um mesmo sistema por várias casas. “Entendemos que a tecnologia é o carro chefe onde devemos investir, não faria sentido compartilhar isso com outras corretoras. E  certamente a minha necessidade é muito diferente da maioria das corretoras”, comenta Magalhães.