19-02-2015 – 18:36:23
Apesar do desconto do mercado europeu em relação ao americano, a bolsa dos Estados Unidos segue como a melhor região para alocações globais de investidores brasileiros, segundo previsões de Daniel Grozdea, sócio da gestora STK. O STOXX 600, principal referencial do mercado europeu, hoje roda com um desconto de cerca de 8% em relação ao americano S&P 500. “Historicamente, numa janela de dez anos, a Europa negocia com um desconto de 15% em relação aos Estados Unidos”, diz Grozdea.
A redução do desconto, na avaliação do especialista, pode estar relacionada com a tradicional antecipação que o mercado faz, por conta de uma expectativa de melhora da economia da região em função do programa de compra de ativos do BCE. Em janeiro, o STOXX 600 subiu 7,3%, contra uma queda de 3% do S&P 500.
Além da perda do timing para tirar proveito dos ganhos oriundos do QE (Quantitative Easing) europeu, o sócio da STK lembra ainda que, com o programa, o euro tende a se desvalorizar frente ao dólar nos próximos meses, movimento que pode corroer a rentabilidade oriunda de ações de empresas sediadas no velho continente.
“Na Europa, queremos estar expostos a empresas que capturam a melhora não só do continente, mas da economia global, e em empresas que tenham uma fatia de seu negócio relevante nos Estados Unidos especificamente”, fala Grozdea. Uma posição que a STK tem, desde o início da gestora, em 2010, e que atende a esses requisitos, é a Arytza, panificadora listada na bolsa suíça, que tem 40% da receita gerada nos Estados Unidos, e que tem entre seus clientes McDonalds e Starbucks.
Outro ponto que o gestor destaca sobre um balanceamento da carteira entre Europa e Estados Unidos é o fato de o S&P 500 estar sendo negociado hoje a um múltiplo preço/lucro de 17 vezes, exatamente a sua média dos últimos sessenta anos. “Não consigo dizer que está caro, nem barato, está no múltiplo que julgamos ser justo”. O grande debate, fala o executivo, se concentra em investir em um lugar um pouco mais barato, mas com pouca visibilidade econômica, ou num lugar onde os preços estão alinhados, com as condições econômicas um pouco mais claras. “Pensando nas economias domésticas dos Estados Unidos e da Europa, preferimos muito mais os Estados Unidos, por ter uma visibilidade muito melhor que na Europa. Dentro da Europa há uma dicotomia muito grande, o exemplo mais claro é Alemanha e Grécia, dois membros da UE com realidades completamente diferentes e que tentam coexistir”.
Fundo de ações globais
A STK lançou em agosto de 2013 um fundo que investe em ações globais, adequado à 3.792, que rendeu 13,5% no ano passado, e cerca de 40% desde o seu início. O fundo tem um PL de R$ 115 milhões, basicamente de family offices, e ainda não tem fundações. “Em 2014 conseguimos R$ 70 milhões de institucionais, só que para fundos que investem em Brasil”, fala o sócio da STK. A gestora é mais conhecida no mercado por sua gestão ativa de fundos de valor.
O fundo global da asset tem uma distribuição de 80% no mercado americano, e 20% no europeu, equilíbrio que não tende a sofrer grandes alterações no curto/médio prazo. “Dentro da Europa, a gente atua em poucos mercados, Inglaterra, Alemanha e Suíça, que são os países com os melhores fundamentos no momento”.