09-12-2016 – 18:12:08
Em seu relatório de gestão referente ao mês de novembro, os estrategistas do fundo Verde, capitaneado por Luis Stuhlberger, destacam que o Brasil teve de lidar nas últimas semanas com a piora do ambiente político, com a perda pelo governo de mais um de seus articuladores e com os conflitos jurídicos, legislativos e policiais que se combinaram de maneira preocupante. O que tem impedido o mercado de piorar muito é a agenda de reformas, que por enquanto segue intocada. “Mas a lua de mel terminou, e a dura realidade de baixo crescimento, alto desemprego, e longo processo de desalavancagem se impõe”, escrevem os estrategistas do fundo, que dizem também que a principal convicção deles continua a ser que as taxas de juros reais estão em patamar errado. “Aproveitamos a volatilidade recente para alongar marginalmente as posições”.
No front externo, os estrategistas do Verde avaliam a surpresa causada pela vitória de Donald Trump nos Estados Unidos. O S&P 500 chegou a cair por nove pregões seguidos temendo a vitória do republicano, e os estrategistas do fundo admitem terem sido novamente surpreendidos, só que dessa vez com uma série de doze altas seguidas registrada pelo Russell 2000 (índice de small caps nos Estados Unidos) na sequência à vitória de Trump. “Esse tipo de comportamento — aliás recorrente neste ano maluco — reflete de certa maneira aquilo que temos chamado da dicotomia Good Trump vs. Bad Trump”.
Os investidores ficaram encantados com a agenda econômica republicana, avaliam os estrategistas do Verde. No entanto, o mercado no momento está focando apenas no corte de impostos, no estímulo a investimentos em infraestrutura, e na suposta leniência regulatória do novo governo. O que aparentemente está sendo esquecido são os enormes riscos de conflitos comerciais, de reversão de imigração, além de problemas geopolíticos que o novo presidente representa. Os especialistas do fundo que leva o nome da asset no Brasil entendem que uma das principais razões para a sustentabilidade das margens recordes de lucro nos Estados Unidos é a globalização das cadeias produtivas. “A reversão disso não é estruturalmente positivo, pelo contrário”.
O relatório do Verde aponta ainda que a combinação de taxas de juro em alta e mercados acionários em alta, rara nos últimos anos, significa uma enorme compressão do prêmio de risco das ações. “Essa razão nos levou a reduzir pela metade a alocação em ações globais do Verde nas últimas semanas. Não consideramos que o mercado está remunerando o risco de maneira adequada nos preços atuais”.