10-09-2015 – 16:39:45
O mercado de juros futuros operou sobre forte volatilidade nesta quinta-feira, 10 de agosto, no primeiro pregão após a perda do grau de investimento do Brasil pela Standard & Poor’s. Logo na abertura do pregão, o nervosismo dos agentes que operam no mercado de juros futuros da BM&F puxou a ponta curta da curva para cima, que chegou a precificar mais duas altas de 0,50 ponto percentual na Selic em 2015, e com a manutenção da taxa em 2016. Trata-se de um cenário pouco provável diante do atual ambiente macroeconômico do país, mas que reflete a apreensão que tomou conta do mercado na abertura dos negócios. “Não é que o mercado acha que vai ter toda essa alta, mas dado o risco associado, o prêmio tem que ser mais alto”, pondera Paulo Nepomuceno, estrategista de renda fixa da Coinvalores.
Quando ocorrem eventos da magnitude como o de ontem da S&P, explica o especialista, o mercado abre o pregão seguinte sem um racional claro de preços correlacionados ao cenário. O movimento se deve muito mais às diversas ordens de stop loss disparadas ao longo do dia pelos agentes, explica Nepomuceno. O estrategista espera por um rebalanceamento da curva, ao longo das próximas semanas, com redução do prêmio nos vencimentos mais curtos, e recomposição na ponta longa.
Abaixo do esperado – Na avaliação de Paulo Petrassi, sócio da Leme Investimentos, a reação do mercado ficou abaixo do esperado. O especialista esperava um dólar na casa dos R$ 4,00 – bateu em R$ 3,93 na abertura, para fechar próximo de R$ 3,86 – e uma abertura ainda mais agressiva da curva. “A realidade é que a reação do mercado foi melhor que o esperado, grande parte já estava incorporado”, afirma Petrassi, que destaca que as falas do ministro Joaquim Levy após o anúncio da agência têm feito a credibilidade da autoridade se deteriorar junto aos agentes do mercado.
Flávio Serrano, economista-sênior da Haitong (ex-Besi), também avalia o fim do dia com um saldo mais positivo do que se imaginava, principalmente após a abertura do pregão sob forte volatilidade. “A reação inicial também foi mais enérgica porque nos últimos dois dias o mercado vinha melhorando, com quedas tanto do dólar quanto nos DIs”, nota Serrano. “Pegou o pessoal na contramão”, admite o especialista. Pelo fato de a S&P ter revisado o outlook do país para negativo em julho, e já em setembro ter revisado a nota, o timing da agência, relativamente acelerado, de fato pegou o mercado de surpresa, fala o economista.
Ao longo do dia, a divulgação do IPCA de agosto, com significativa desaceleração ante julho, e o pronunciamento da Fitch, de que o Brasil ainda possui características de um país grau de investimento, levaram os prêmios da curva a cederem ante o topo atingido pelo manhã, explica Serrano. A leitura de parte do mercado, segundo o especialista, foi a de que, como duas agências ainda mantêm o grau de investimento, o movimento de realocação do portfólio, ainda que se espere que venha a ocorrer, possa não ser em intensidade tão aguda.