26-11-2015 – 16:48:31
Na avaliação da equipe de análise do Goldman Sachs, um dos principais riscos para o BTG Pactual com a prisão do presidente do banco, André Esteves, é justamente a dependência que a instituição tem em relação ao seu executivo. “Ele é o principal executivo do banco, responsável por conduzir a expansão internacional da instituição e a implementação de produtos diferenciados. Acreditamos que uma ausência prolongada do executivo vai dificultar a capacidade do banco em manter clientes no private-banking e na asset management, afetando custos e financiamentos, e prejudicando as originações para o banco de investimento”, escrevem os analistas Carlos Macedo, Marcelo Cintra, Tyson Bryan e Steven Goncalves.
Os especialistas do Goldman Sachs dizem também que, embora ainda sejam necessárias informações adicionais, pelo que foi divulgado até o momento, a investigação da Lava Jato parece estar centrada no executivo, e não no banco. “Dito isso, entendemos que existe uma possibilidade de risco para a reputação do banco, e as operações podem sofrer pressão por conta da perda de um executivo chave”, dizem os analistas do banco americano.
Após a queda acima dos 20% no pregão de ontem, notam os especialistas, as ações do BTG Pactual passaram a negociar sob um múltiplo P/BV (Price to Book Value, indicativo do quanto a cotação do papel está acima do valor patrimonial do banco) de 1x, contra a média de 1,5x desde o IPO em 2012. Os papéis chegaram a cair quase 40% no pregão passado, mas as perdas foram reduzidas após o banco anunciar um programa de recompra de 10% de suas ações. Nesta quinta, os papéis operam em queda de 3%, negociados a R$ 23,65. O Goldman Sachs manteve inalterada sua recomendação neutra para os ativos, assim como o preço-alvo para o papel em 12 meses de R$ 30,20.
Ratings – Com análise similar ao Goldman Sachs, a Fitch Ratings colocou o BTG Pactual em observação negativa, em função dos riscos do possível impacto financeiro e nos negócios do banco e de suas subsidiárias devido à prisão do CEO e principal acionista. “A captação de atacado, bem como a franquia do banco, da qual este depende para originar seus negócios, podem ser prejudicadas”, diz a agência de classificação de risco.
Apesar do banco ter nomeado Persio Arida como presidente interino, a Fitch destaca ainda a reconhecida importância de Esteves “como CEO atuante e carismático, com destacada atuação nas operações e na expansão do banco – o que traz incertezas sobre uma sucessão tranquila, caso seja necessária”. Por sua vez, a Standard & Poor’s Ratings Services informou que, embora os ratings e a perspectiva do BTG Pactual não tenham sido imediatamente afetados pelo anúncio de prisão de seu CEO, vai avaliar se um aumento do risco reputacional poderá enfraquecer os fundamentos de crédito do BTG Pactual.